2011-04-08 17:49:00

ARCEBISPO VEGLIÒ: ESCASSA ATENÇÃO DO MUNDO SOBRE DRAMA DOS REFUGIADOS MARFINENSES


Cidade do Vaticano, 08 abr (RV) - A ONU denunciou novos massacres na Costa do Marfim. De fato, nas últimas 24 horas uma equipe das Nações Unidas descobriu mais de 100 corpos em três localidades da parte ocidental do país africano. As violências parecem ter sido perpetradas, ao menos em parte, por motivos "étnicos", explicou em Genebra, na Suíça, o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Rupert Colvile.

Enquanto isso, o Presidente Laurent Gbagbo – assediado pelos seguidores do Presidente eleito Alassane Ouattara – não abandona o seu bunker em Abidjan.

É cada vez mais crítica a situação das populações locais, que levou diversas agências – entre as quais o Programa Mundial de Alimentos (PMA) – a pedir a abertura de corredores humanitários: ao menos 300 mil deslocados internos, mais milhares de refugiados marfinenses encontram-se presentes também na Libéria, Guiné e Gana – segundo dados fornecidos nesta quinta-feira pela Caritas, na linha de frente na prestação de socorro.

A Caritas Costa do Marfim, em particular, lançou um apelo em favor de um plano de intervenção de cerca de um milhão de euros para as ajudas imediatas.

A esse propósito, a Rádio Vaticano entrevistou o Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Antonio Maria Vegliò, que nos falou sobre a situação dos marfineneses refugiados na Libéria:

Dom Antonio Maria Vegliò:- "A Libéria é um país pequeno: já está acolhendo mais de 120 mil refugiados. A população local está dando mostra de uma extraordinária solidariedade. Está acolhendo os refugiados em suas casas, dividindo o alimento a ponto de não ter o suficiente para eles mesmos, sofrendo, assim, as consequências. Á África nos dá o exemplo da capacidade de acolhimento, de aceitação do outro na dificuldade, com espírito evangélico. Provavelmente não são cristãos, mas se sentem africanos, acostumados – talvez na pobreza – a ajudar quem é mais pobre ainda. Também aí, graças a Deus, a Igreja está presente. A Caritas está dando assistência aos refugiados e à população local. Suponho que a Igreja local queira ajudar um maior número de refugiados. Todavia, faltam fundos suficientes e agentes de pastoral, sacerdotes e catequistas. É necessário um programa de colaboração para toda a Costa do Marfim, de modo que aqueles que estão sofrendo os recentes dramáticos eventos e as pessoas das diferentes partes políticas possam viver novamente todos juntos."

P. Há o risco de que os eventos que estão se verificando também no norte da África deixem em segundo plano essa tragédia humanitária na Costa do Marfim?

Dom Antonio Maria Vegliò:- "Certamente! Infelizmente o homem não se detém longamente diante de uma tragédia. Basta que se verifique outra para se esquecer da primeira. É preciso reconhecer que nos últimos meses foi dada pouca atenção à Costa do Marfim. Por outro lado, foram registrados eventos dramáticos, eventos que atraíram o interesse da mídia. Isso privou a Costa do Marfim da devida atenção." (RL)







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