Rio de Janeiro, 07 abr (RV) - Continuando as reflexões sobre a Iniciação Cristã
e a nossa renovação das promessas batismais como consequência de uma Quaresma bem
vivida, cremos que um dos passos a ser aprofundado é a nossa pertença a uma comunidade.
A
evangelização nos dá a alegria do encontro com a Boa Nova da Ressurreição de Cristo.
A maioria das pessoas procura angustiada a razão de sua vida e se coloca diante do
Senhor com suas feridas e dificuldades. Com o passar do tempo sente a necessidade
de aprofundar a fé e participar concretamente de uma comunidade.Por isso, dentro das
catequeses quaresmais, queremos refletir sobre esse passo de maturidade na fé e de
esperança neste tempo favorável de penitência, oração, jejum, caridade e conversão.
À luz do convite do Papa Bento XVI, iremos renovar a nossa adesão a Cristo pelo Batismo
na Vigília Pascal, e hoje nos preparamos refletindo acerca da Iniciação Cristã como
pertença plena à vida eclesial da Igreja.
A dinâmica do processo evangelizador
começa com o despertar e suscitar da conversão, bem como a adesão na fé a Cristo,
isto é, continua com o momento de estruturação e fundamentação da conversão, conduzindo-a
à inserção plena do evangelizado na comunidade de discípulos missionários. Por isso,
é necessário levar em consideração que existem ações que precedem a Iniciação Cristã
e ações que são consequências dela. A Iniciação Cristã é, dessa forma, o elo necessário
entre essas ações. Não é possível entender a Iniciação Cristã sem uma comunidade missionária
que a origine, a realize e a leve à plenitude.
A vida cristã do catequizando
é um dom destinado a crescer. O momento pastoral comunitário de educação permanente
na fé se orienta e alimenta de modo contínuo o dom da comunhão e da missão. É claro
que, para sair dessa encruzilhada na qual a catequese se encontra em muitas realidades
que ainda não acordaram para a iniciação cristã, a educação da fé precisa assumir
a dinamicidade e circularidade do processo evangelizador como princípio de renovação
e de mudança. Se o ponto de partida é uma ação missionária prévia, esta por sua
vez, vai produzir comunidades mais vivas e dinâmicas, mas, para isso, é necessário
que as comunidades maduras se lancem à missão e realizem adequadamente a tarefa de
iniciação. Uma comunidade que faz da iniciação uma opção prioritária precisará despertar
seu caráter missionário e renovar sua vida comunitária.
É na comunidade que
acontece o processo catequético de Iniciação Cristã de adultos, jovens, adolescentes
e crianças em idade própria. Esta preparação tem como meta a incorporação dessas pessoas
como membros ativos do Corpo de Cristo, que é a Igreja. A comunidade cristã é o espaço
para integrar a fé e a vida, mas é também lugar onde procuramos vivenciar e aprofundar
a Palavra de Deus, a celebração eucarística e a prática da solidariedade do amor oblativo.
Por fim, a catequese é um processo onde uma comunidade ajuda as pessoas a lerem sua
própria vida e a discernirem sua vocação e o caminho que o Espírito Santo lhes indica.
Ao
darmos esses passos que nos renovam em nossa vida cristã, trabalhemos para que a atividade
evangelizadora e pastoral de nossas paróquias seja sempre mais aprofundada, e, com
um bom trabalho pedagógico e uma vida de verdadeira conversão, encontremos os caminhos
do seguimento radical de Cristo e o do anúncio alegre e feliz da Salvação a todas
as pessoas.
† Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo Metropolitano de São
Sebastião do Rio de Janeiro, RJ