Tóquio, 05 abr (RV) - Depois do desastre de Fukushima, a indústria atômica
não poderá se comportar “como se nada tivesse acontecido” – adverte o diretor da Agência
Internacional para a Energia Atômica, Yukiya Amano.
Atualmente, estão fracassando
todos os esforços para a eliminação de poças na usina, que foi danificada pelo terremoto
e pelo tsunami que arrasaram boa parte do norte do país no dia 11 de fevereiro. A
água se empoçou na usina após as tentativas frustradas de resfriamento adotadas desde
o desastre natural.
A Tokyo Electric Power (Tepco), empresa que opera a usina
nuclear de Fukushima, no Japão, informou ontem que lançará 11,5 mil toneladas de água
com baixa radioatividade no Oceano Pacífico.
A Agência de Segurança Nuclear
e Industrial do Japão endossou o plano, sob o argumento de que se trata de “uma medida
inevitável”. O governo japonês retirou todas as pessoas que vivem num raio de 20 km
da usina para evitar a contaminação.
Já a 30 km do raio da usina, foram relevadas
emissões radioativas superiores à norma. E a situação dos desalojados continua sofrida.
O que a Igreja está fazendo por eles? Quem responde é o Núncio Apostólico no Japão,
Dom Alberto Bottari de Castello.
“A Igreja desempenha sua obra de modo colateral
porque os japoneses são muito meticulosos. O governo e o município fazem o maior trabalho.
Todavia, seja em Sendai como em Saitama, a Igreja organizou centros de coleta nos
quais as pessoas encontram assistência. Estou mais a par da situação em Tóquio, aonde
chegaram cerca de 250 filipinos que perderam trabalho, casa e tudo mais, e querem
voltar com suas famílias para as Filipinas. Eles foram hospedados no centro internacional
católico e distribuídos em 16 locais da diocese, como paróquias, institutos religiosos,
salesianos, jesuítas, religiosas, que lhes deram ajuda imediata e estão tentando encontrar
o dinheiro para suas passagens. Mais de 200 já conseguiram voltar, mas alguns ainda
estão esperando e nós estamos tentando ajudá-los”.
A respeito da preocupação
que reina entre os japoneses, o Núncio comenta:
“Os japoneses demonstram pouco
sua preocupação: tentam ser gentis e não expressam abertamente seus sentimentos com
estranhos, mas no fundo, se nota. E será assim até que esta usina não for completamente
fechada. Tudo isso terá repercussões também na economia, pois perdendo toda a energia
que vem do nuclear, as perspectivas econômicas ficam incertas. Consequentemente a
preocupação existe, mas ao mesmo tempo, percebe-se o anseio de lutar sem se deixar
abater”.
O terremoto e o tsunami que abalaram o Japão deixaram oficialmente
12.157 mortos; 15.496 pessoas estão desaparecidas e 159.828 estão desabrigados. (CM)