IGREJA NA COSTA DO MARFIM RECEBE COM ENTUSIASMO APELO DO PAPA
Cidade do Vaticano, 31 mar (RV) - O Papa lançou ontem, durante a audiência
geral na Praça São Pedro, um premente apelo pela Costa do Marfim, atingida por uma
sangrenta guerra entre facções políticas opostas que desde novembro último já causou
a morte de mais de 500 pessoas e meio milhão de deslocados.
“Há muito tempo
– afirmou o Papa - que meus pensamentos se voltam para a população da Costa do Marfim,
traumatizada por dolorosas lutas internas e graves tensões sociais e políticas. Enquanto
exprimo a minha proximidade a todos aqueles que perderam um ente querido e sofrem
com a violência, faço um apelo urgente para que se dê vida o mais rapidamente possível
a um processo de diálogo construtivo para o bem comum.
“A dramática
situação torna mais urgente o restabelecimento do respeito e da convivência pacífica.
Não devem ser poupados esforços neste sentido”.
O Papa anunciou ainda
a sua decisão de enviar a “este nobre país”, o Cardeal Peter Turkson Kodwo, Presidente
do Pontifico Conselho “Justiça e Paz”, a fim de manifestar a sua solidariedade e da
Igreja em todo o mundo às vítimas do conflito e encorajar a reconciliação e a paz.
“Estamos
felizes pelas palavras do Santo Padre e lhe agradecemos por isso. Esperamos que a
sua voz seja ouvida”: foi o que disse à agência Fides, o Arcebispo de Abijan, Dom
Jean-Pierre Kutwa. No país Africano a crônica das últimas horas fala de novos combates
entre as milícias do presidente que concluiu o seu mandato, Laurent Gbagbo, e que
não quer abandonar o poder, e os do Presidente eleito, Alassane Ouattara, cuja vitória
nas urnas em novembro passado, foi reconhecida internacionalmente.
As tropas
de Ouattara estão se aproximando de Abidjan e Yamoussoukro, respectivamente, capital
política e administrativa do país. Milhares os civis que fogem da violência. Fontes
missionárias falam de cerca 30 mil pessoas refugiadas em um complexo religioso católico
ao redor da igreja de Duékoué e muitos têm feridas de arma de fogo. Nesta situação,
quantas possibilidades existem para a retomada do diálogo?
A Rádio Vaticano
ouviu Enrico Casale, da revista dos jesuítas "Povos”:
“Neste momento, não
muitas, porque parece que agora a palavra tenha passado às armas. O risco é que se
não há uma intervenção da comunidade internacional, pode haver um confronto muito
duro diretamente nas cidades. Propostas recíprocas de unidade nacional foram feitas
várias vezes nos últimos tempos, mas não sei se existe um real desejo de superar a
crise. Cada um dos dois candidatos está entrincheirado em posições que não parecem
discutíveis, portanto, parece-me que essas propostas são muitas vezes um pouco ilusórias”.
(SP)