VAZAMENTO DE PLUTÔNIO AUMENTA O PERIGO DO DESASTRE NUCLEAR NO JAPÃO
Tóquio, 29 mar (RV) – Seis reatores da Usina de Fukushima, no Japão, estão
apresentando problemas, inclusive o 3, depositário de uma grande reserva de plutônio,
e, portanto, o mais preocupante, devido ao alto grau de contaminação dessa substância.
E apesar de o governo japonês estar admitindo somente agora a possibilidade de vazamento
desse componente químico, já foi encontrado plutônio no solo em pelo menos cinco pontos
dentro do complexo nuclear de Fukushima.
A empresa que administra a usina,
Tokyo Electric Power Co (Tepco), disse, nesta segunda-feira, que as quantidades detectadas
não apresentam risco à saúde humana. Contudo, segundo especialistas, o plutônio é
altamente tóxico e cancerígeno, bastando microgramas para causar sérios, e até letais,
danos à saúde.
Sakae Muto, vice-presidente da Tepco, disse a jornalistas que
os resultados dos testes vieram de amostras recolhidas a uma semana atrás. A empresa
também afirmou que a descoberta de plutônio não irá suspender o trabalho de resfriamento
dos reatores em Fukushima.
A atual situação dos reatores é a seguinte: em
Fukushima, na usina de Daichi, os reatores 1, 2 e 3 apresentam explosões; o 4 pegou
fogo; e o 5 e o 6 estão superaquecendo. Ao sul de Fukushima, em Tokai, a bomba de
resfriamento de reator falhou, mas não há risco de vazamento. Ao norte de Fukushima,
em Onagawa, o governo decretou estado de urgência, mas diz que os reatores estão sob
controle.
A Tepco anunciou também que a água contaminada foi encontrada em
um túnel subterrâneo que tem uma das entradas localizadas a apenas 55 metros do mar,
mas que, segundo a empresa, não representa risco de vazamento. Aparentemente, segundo
algumas autoridades, mesmo com toda destruição estampada diante de nós, poucas coisas
apresentam risco em um desastre nuclear deste porte.
O escritório das Nações
Unidas de Assistência Humanitária informou que as condições de higiene nos centros
de acolhimento começaram a piorar. Mais de 250 mil pessoas dependem desses abrigos.
Segundo a ONU, há registros de aumento de casos de diarreia e demais doenças causadas
por higiene precária.
Além disso, há falta de combustível, o que impõe barreiras
à chegada de assistência das agências humanitárias.
A tragédia no Japão matou,
até agora, mais de 10 mil pessoas, e 18 mil continuam desaparecidas. Os efeitos da
radioatividade ainda não podem ser mensurados.
O terremoto e o tsunami causadores
do desastre atingiram a costa norte do Japão no dia 11 desse mês. E ainda, nesta segunda-feira,
houve um novo tremor de 6,5 graus na escala Richter nessa mesma área, provocando uma
onda de meio metro, mas o alerta de tsunami foi suspenso. (ED)