2011-03-28 20:34:51

ESPERANÇAS DO VIGÁRIO APOSTÓLICO EM TRÍPOLI, NA VIGÍLIA DA CONFERÊNCIA DE LONDRES


Cidade do Vaticano, 28 mar (RV) - O apelo ao diálogo lançado pelo Papa no Angelus deste domingo não deixou de repercutir na Líbia. De fato, Bento XVI manifestou preocupação com a incolumidade dos civis exortando as partes a tomarem o caminho diplomático. Para uma reflexão sobre as palavras do Pontífice, a Rádio Vaticano entrevistou o Vigário Apostólico em Trípoli, Dom Giovanni Innocenzo Martinelli. Eis o que disse:

Dom Giovanni Innocenzo Martinelli:- "Em primeiro lugar, na comunidade cristã há muita esperança de que a palavra do Papa possa ser verdadeiramente ouvida pelos políticos e por quem tem responsabilidade neste contexto. Era a palavra que nós esperávamos e seguramente o Papa interpretou o desejo de todos os homens que trabalham neste país. Na manhã desta segunda-feira entreguei ao protocolo, às autoridades líbias e ao escritório islâmico da Islamical Society a nota dessa mensagem do Papa, para mostrar como o Santo Padre, a Santa Sé e a Igreja estão atentos ao que acontece na Líbia. Junto à oração chega também a mensagem de interpretar a voz daqueles que sofrem. É uma mensagem que se deve fazer chegar a quem tem poder e responsabilidade."

P. Qual tem sido a reação das instituições líbias?

Dom Giovanni Innocenzo Martinelli:- "É difícil dizê-lo neste momento, porque não temos, ainda, reações imediatas. A referida nota foi entregue na manhã desta segunda-feira e, mesmo assim, me parece que está tendo – daquilo que eu pude perceber – uma repercussão positiva. O Papa se interessa pela paz num contexto árabe muçulmano: isso me parece uma coisa muito bonita. É algo que vai além de todas as interpretações que podem ser feitas. Ademais, trata-se de uma palavra muito equilibrada e muito atenta e me parece que – como sinal e como modo – respeite e não interfira na política ou em outros aspectos, mas que interprete perfeitamente o ânimo desse povo que sofre."

P. Nesta terça-feira terá lugar a Conferência internacional de Londres sobre a situação na Líbia: quais são as esperanças de vocês?

Dom Giovanni Innocenzo Martinelli:- "Faço votos de que não somente a Europa, mas também a União Africana possa tomar parte desses concertos políticos, porque a União Africana tem um papel importante e uma ascendência sobre a Líbia e sobre Muammar Kadhafi, e, portanto, deixa-la de lado significa de certo modo não dar peso ao papel da Líbia na história de hoje da África. A União Africana já ressaltou que qualquer coisa, sem essa realidade africana, torna incompleta as instâncias e as decisões."

P. Como se vive nestas horas em Trípoli?

Dom Giovanni Innocenzo Martinelli:- "Há calma e expectativa: após a noite de bombardeios, embora não diretamente sobre Trípoli, mas fora da capital, o ânimo é de inquietação. Há fila nos postos de abastecimento de combustível, fila nas padarias, fila nos estabelecimentos alimentícios para comprar o necessário... Há uma dificuldade generalizada, uma tristeza. De fato, percebe-se a tristeza no rosto das pessoas, porque jamais foi assim. Sente-se agora toda a exasperação por não poder resolver essa situação, e não se vê, ainda, como se possa resolver..." (RL)







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