Cidade do Vaticano, 26 mar (RV) - O papa recebeu esta manhã um grupo de peregrinos
da Diocese de Terni-Narni-Amelia, que comemoram 30 anos da visita do Papa João Paulo
II às siderúrgicos da cidade.
Bento XVI saudou o grupo, liderado pelo Arcebispo
Dom Vincenzo Paglia, recordando o amor especial que João Paulo II nutria pelo mundo
do trabalho; seu encorajamento, solidariedade, amizade e carinho pelos operários.
O Pontífice recordou que no dia de sua eleição, ele mesmo se definiu um “humilde trabalhador
na vinha do Senhor”.
No discurso, o Papa falou sobre a crise de hoje, que
está colocando a cidade da usina e suas famílias numa situação difícil. Ele disse
sentir a preocupação que os operários trazem em seu coração, e demonstrou estar a
par da responsabilidade e da participação da Igreja diocesana, comunicando a esperança
do Evangelho e a força para edificar uma sociedade mais justa e digna do homem.
Neste
sentido, ressaltou a importância da Eucaristia que salva o mundo, fazendo-o viver
a alegria da fé e a paixão por melhorá-lo. A Eucaristia do Domingo é o fulcro da
ação pastoral da Diocese, “viver de modo eucarístico significa viver como uma família,
um único Corpo, uma sociedade de amor”.
“Neste horizonte – disse o Papa –
insere-se o tema do trabalho e de seus problemas, como o que mais preocupa hoje: o
desemprego. O trabalho é um dos elementos básicos da pessoa e da sociedade. Condições
precárias de trabalho dificultam as condições da própria sociedade, as condições de
uma vida ordenada segundo as exigências do bem comum”.
Outro problema tocado
por Bento XVI foi a segurança no trabalho, uma realidade à qual é preciso estar atentos,
para que a trágica série de incidentes seja interrompida. Em seguida, foi abordado
também o problema da precariedade profissional entre os jovens.
O papa se
disse muito próximo das preocupações e ansiedades dos operários, auspiciando que na
lógica da gratuidade e da solidariedade, os momentos difíceis possam ser superados
e seja garantido um emprego seguro, digno e estável para todos.
Enfim, recordou
que o trabalho ajuda a sentirmo-nos mais perto de Deus e dos outros, e lembrou que
Jesus foi um operário, tendo passado grande parte de sua vida terrena em Nazaré, na
marcenaria de José.
Em sua visita à Terni, João Paulo II falou do “Evangelho
do trabalho”, afirmando que o Filho de Deus, tornando-se homem, trabalhou com as próprias
mãos. A sua foi uma verdadeira fatiga física, ocupou a maior parte de sua vida nesta
terra, e assim, entrou na obra de redenção do homem e do mundo.
“O trabalho
deve ser entendido na perspectiva cristã, ao invés de ser visto apenas como um meio
de ganho, ou de exploração, como em muitas partes do mundo, onde é ofendida a própria
dignidade da pessoa. Em relação ao trabalho aos domingos, o Papa acenou para o risco
de que o ritmo do consumo possa subtrair-nos o sentido da festividade e do Domingo
como dia do Senhor e da comunidade. (CM)