Campanha, 26 mar (RV) - Para o povo da Bíblia, o poço é o símbolo da Lei, das
instituições judaicas e da sabedoria. Em Jo 4, 5-42, Jesus recorda um arranjo social
que não satisfaz aos anseios do povo por liberdade e vida. Sentando sobre o poço,
Jesus se dá a conhecer como fonte da qual a humanidade inteira bebe. À partir de agora,
não se deve mais beber água da Lei ou das instituições, porque foram superadas pela
fonte de água viva, que é Jesus. Uma mulher sem nome se aproxima, ao meio-dia,
para buscar água. Ela não tem nome porque é a própria humanidade que está procurando,
no sufoco do calor, algo que sacie de uma vez por todas sua sede.
Jesus sente
que é próprio de todo ser humano: sede. E pede de beber. Com isso, está começando
a quebrar o preconceito racial. Judeus e samaritanos se detestavam mutuamente. Os
judeus mais radicais haviam decretado o estado permanente de impureza das mulheres
samaritanas. Pedir que essa mulher lhe dê de beber parece ser um ato insano por parte
de Jesus. Mas Ele está acabando com a pretensa superioridade dos judeus e dos homens
sobre as mulheres. Dar água é a mesma coisa que acolher, dar hospedagem.
Jesus
está com sede, mas quem acaba pedindo água é a mulher, pois Ele tem água capaz de
saciar para sempre a sede de todos: “Se você conhecesse o dom de Deus e quem é que
está dizendo a você: Dê-me de beber, você é que lhe pediria, e ele lhe daria água
viva... Aquele que beber da água que eu vou dar, esse nunca mais terá sede”. Jesus
é o presente de Deus que a humanidade precisa conhecer. Os judeus acreditavam se aproximar
de Deus mediante o conhecimento e a prática da Lei. Jesus, aquele que revela o Pai,
mostra-o presente nas relações de fraternidade e solidariedade.
A água que
Jesus dá é o Espírito, a força que vem de dentro e jorra para a vida eterna. A mulher
humanidade tem sede dessa água e por isso pede: “Senhor, dá-me dessa água, para que
eu não tenha mais sede e nem tenha de vir mais aqui para tirar”.
Padre Wagner
Augusto Portugal Vigário Judicial da Diocese da Campanha(MG)