Em Angola há feridas que carecem de cura e de perdão
(26/3/2011) " Homens e mulheres são ainda portadores de muitas feridas que carecem
de cura e perdão" em Angola. Esta é a conclusão a que chegaram os participantes
da Conferência Internacional sobre a Paz no país. Por isso, reconheceram a necessidade
de haver um verdadeiro processo de reconciliação nacional. Porque - sublinharam
- "existem conflitos ainda não resolvidos”. A síntese apresentada por D. Vicente
Kiaziku, Bispo de Mbanza Congo, no encerramento do encontro, refere ainda que " subsistem
numerosas situações de injustiça social”. Concluíram também que “escasseiam os
espaços em que o diálogo livre e inclusivo seja possível”. “Sinais de preocupação
tais como o tribalismo, regionalismo e racismo” - foram igualmente observados.
“Gostaríamos de ver reiniciado o sentimento de diálogo e reconciliação mais profundos,
onde todos nós somos agentes que criam espaços para os que se sentem vítimas encontrem
ambiente de escuta e possam expressar a sua dor, curar as feridas e, em consequência,
conseguir força para perdoar” – sublinhou a irmã Marlene, directora da Caritas de
Angola.
A Conferência sobre a Paz teve a duração de três dias e reuniu representantes
de Angola, Moçambique, África do Sul, República Democrática do Congo, Portugal, Alemanha,
com a participação de influentes membros da sociedade civil angolana. Nas vésperas
do nono aniversário da paz em Angola foi um momento para passar em revista as consequências
da guerra presentes na sociedade angolana. Os principais oradores foram unânimes
em reconhecer que a paz não se limita ao calar das armas, apelando para uma sociedade
onde reine a paz social. Foram trocadas experiências de resolução de conflitos
com países como a África do Sul , Moçambique e Alemanha. A CEAST e Caritas de
Angola acabam assim de prestar mais um contributo à paz e a reconciliação nacional.