CNBB: JPII FOIMARCADO PELA ESPIRITUALIDADE DA CRUZ
Brasília, 26 mar (RV) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
divulgou ontem uma mensagem pela beatificação do papa João Paulo II, que ocorrerá
no dia 1º de maio, em Roma. A mensagem foi aprovada pelo Conselho Permanente da entidade,
reunido em Brasília desde quarta-feira, 23. A reunião terminhou ontem.
Na mensagem,
a CNBB exalta as virtudes de João Paulo II, lembrando suas três visitas ao Brasil.
“Entre nós, ele foi carinhosamente acolhido e aclamado como ‘João de Deus’” - recorda
a mensagem.
Segundo a CNBB, João Paulo II foi marcado pela espiritualidade
da cruz que “o acompanhou na experiência da orfandade e da pobreza, nas atrocidades
da guerra e do regime comunista, mas principalmente no atentado sofrido na Praça de
São Pedro”.
A CNBB destaca, ainda, o empenho do papa na defesa da vida e da
família. “O mundo inteiro foi edificado pelo seu empenho em favor da vida, da família
e da paz, dos direitos humanos, da ecologia, do ecumenismo e do diálogo com as religiões”,
diz a mensagem.
Leia o texto integral da mensagem:
Mensagem da CNBB Por
ocasião da beatificação do Papa João Paulo II “Deus nos chamou à santidade” (1
Ts 4,7)
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dirige-se aos católicos
e a todas as pessoas de boa vontade para manifestar sua alegria e gratidão a Deus
pela beatificação do Servo de Deus, João Paulo II, no próximo dia primeiro de maio.
O Papa João Paulo II amava muito o Brasil e visitou nosso País por três vezes. Entre
nós, ele foi carinhosamente acolhido e aclamado como “João de Deus”.
A beatificação
nos incentiva a aprofundar nossa vocação universal à santidade. Na sua primeira mensagem,
ele convidou a todos: “abri as portas a Cristo Jesus!” Sua vida foi um testemunho
eloquente de santidade, pela grande fé, amor à Eucaristia, devoção filial a Maria
e pela prática do perdão incondicional. A Palavra de Deus foi por ele intensamente
vivida e anunciada aos mais diferentes povos. A espiritualidade da cruz o acompanhou
na experiência da orfandade e da pobreza, nas atrocidades da guerra e do regime comunista,
mas principalmente no atentado sofrido na Praça de São Pedro. De maneira serena e
edificante, suportou as incompreensões e oposições, as limitações da idade avançada
e da doença.
O mundo inteiro foi edificado pelo seu empenho em favor da vida,
da família e da paz, dos direitos humanos, da ecologia, do ecumenismo e do diálogo
com as religiões. Revelou-se um grande líder mundial, um verdadeiro “pai” da família
humana. Pediu várias vezes perdão pelas falhas históricas dos filhos da Igreja. Ele
mesmo foi ao encontro do seu agressor, na prisão, oferecendo-lhe o perdão. Pela encíclica
Dives in Misericordia e na instituição do “Domingo da Divina Misericórdia”, manifestou
seu compromisso com a reconciliação da humanidade.
Foi um papa missionário.
Numerosas viagens apostólicas marcaram seu pontificado e incentivaram, na Igreja,
o ardor missionário e o diálogo com as culturas. No Grande Jubileu conclamou e encorajou
a Igreja a entrar no terceiro milênio cristão, “lançando as redes em águas mais profundas”.
Afirmou e promoveu a dignidade da mulher; ampliou o ensino Social da Igreja e confirmou
que a promoção humana é parte integrante da evangelização. Valorizou os meios de comunicação
social a serviço do Evangelho. A todos cativou pelo seu afeto e sensibilidade humana;
crianças, jovens, pobres, doentes, encarcerados e trabalhadores foram seus preferidos.
O
Papa João Paulo II estimulou, especialmente, as vocações sacerdotais, religiosas e
missionárias. Aos sacerdotes dirigiu, todos os anos, na Quinta-Feira Santa, sua Mensagem
pessoal. Leigos e consagrados foram valorizados e encorajados nos Sínodos a eles dedicados,
para promover sua dignidade, vocação e missão na Igreja.
Convidamos, portanto,
todo o povo a louvar e agradecer a Deus pela beatificação do Papa João Paulo II. “O
Brasil precisa de santos”, proclamou ele na beatificação de Madre Paulina. Sensibilizados
por essas palavras, confiamos à sua intercessão a santificação da Igreja e a paz no
mundo. Fazemos votos de que seu testemunho e seus ensinamentos continuem a animar
a grande família dos povos na construção de uma convivência justa, solidária e fraterna,
sinal do Reino de Deus, entre nós.
Brasília, na Solenidade da Anunciação do
Senhor,
25 de março de 2011
Dom Geraldo Lyrio Rocha Arcebispo de
Mariana Presidente da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira Arcebispo de Manaus Vice-Presidente
da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro Secretário-Geral
da CNBB (CM)