Brasília, 23 mar (RV) - O bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Dimas Lara
Barbosa, secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), publicou
uma nota sobre a lei Ficha Limpa cujo julgamento será retomado, nesta quarta-feira,
pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
"Depois da coleta de mais de um milhão
de assinaturas de cidadãos, depois da aprovação amplamente majoritária na Câmara Federal,
depois da aprovação unânime no Senado da República, depois da sanção sem retardamento
nem vetos pelo Poder Executivo, depois da aplicação generalizada pelos Tribunais Regionais
Eleitorais, depois de confirmada pelo Tribunal Superior Eleitoral, depois de aplicada
por decisão do Supremo Tribunal Federal e, o que é mais significativo, depois da aprovação
generalizada em todos os níveis e segmentos da opinião pública nacional, a lei da
ficha limpa vai ser submetida a mais um desafio" – frisa Dom Dimas.
"A apreciação
de mais um recurso na Corte Constitucional, abre a possibilidade para que possa ocorrer
tanto a confirmação da decisão anterior, aplicando-se a lei da ficha limpa às eleições
do ano passado, quanto sua modificação, deixando-se para aplicá-la apenas nas eleições
de 2012. Neste caso, resultará que aqueles que foram considerados inelegíveis nas
eleições do ano passado, se transformarão em candidatos elegíveis e poderão ser considerados
eleitos" – ressalta ainda o secretário-geral da CNBB na nota.
Segundo Dom Dimas,
"esta última alternativa induvidosamente representará uma contra marcha na luta pela
lisura eleitoral. A consciência ética brasileira, através de seus organismos mais
significativos, inclusive a CNBB, saudou a mencionada lei como um valioso instrumento
de aperfeiçoamento das instituições e da credibilidade dos representantes da soberania
popular".
"O que se espera, agora, é que seja preservado o princípio da segurança
jurídica, pedra angular de um Estado Democrático de Direito como se costuma qualificar
a nossa formação histórica, política e social. A estabilidade das relações jurídicas
é elemento essencial à estabilidade democrática. As regras da convivência social devem
ser aceitas e respeitadas" – frisa Dom Dimas.
"Com a aprovação, em todas as
instâncias a que foi submetida, a lei Ficha Limpa já é hoje um patrimônio ético da
soberania popular e da sociedade brasileira. Precisa ser defendida e preservada como
símbolo de um corpo social onde reine a justiça e a paz" – conclui ele. (MJ/CNBB)