Brasília, 23 mar (RV) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
se expressou em favor da Lei Maria da Penha, ameaçada de modificação.
"Nós,
Bispos do Conselho Episcopal de Pastoral, reunidos em Brasília, nos dias 21 e 22 de
março deste ano, manifestamos apoio à mobilização nacional em defesa da Lei Maria
da Penha, sancionada pelo Presidente da República em 7 de agosto de 2006" – ressaltam
os prelados.
A CNBB afirma que "a Lei representa uma grande conquista para
as mulheres brasileiras, pois incorporou o avanço legislativo internacional e se transformou
no principal instrumento legal no enfrentamento da violência doméstica contra a mulher
no Brasil, inclusive com reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU), como
uma das melhores legislações do mundo".
As estatísticas, no entanto, revelam
que o país ocupa a 12ª posição no ranking mundial de homicídios femininos. No período
de 1997 a 2007, 10 mulheres foram assassinadas por dia no Brasil. "Isso merece nosso
repúdio e indignação" – ressalta ainda a CNBB.
"São motivos de preocupação
as interpretações restritivas e as tentativas de revisão dos artigos 16 e 41 da lei
que diminuem sua eficácia e representam um significativo retrocesso na sua implementação
e aplicabilidade. Tais restrições acarretam menor punição aos agressores, aumento
do arquivamento dos processos, o desestímulo das mulheres em denunciar e exigir prosseguimento
das investigações" – sublinham ainda os bispos.
A Lei Maria da Penha é um instrumento
que levou a sociedade a realizar ações positivas no enfrentamento dos atos de violência
contra a mulher. "Cabe aos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo cuidar pela
sua manutenção tal como aprovada, não permitindo nenhum tipo de retrocesso ou omissão"
– frisam os prelados.
"A Igreja, comprometida na defesa dos Direitos Humanos,
manifesta-se, mais uma vez, a favor do respeito à dignidade da mulher, incentiva os
esforços de instituições e da sociedade na luta pela superação de todo e qualquer
tipo de violência, possibilitando a construção de uma cultura de paz no ambiente familiar
e social" – conclui a nota da CNBB. (MJ/CNBB)