REFLEXÃO PE. CESAR AUGUSTO: II DOMINGO DE QUARESMA
Cidade do Vaticano, 20 mar (RV) - Neste domingo, a liturgia se ocupa em nos
mostrar que nossa vida deve ser um eterno caminhar com Jesus, tendo como exemplo Abraão
que tudo deixa para seguir sua vida com Deus e deverá estar preparado para enfrentar,
com ânimo, as dificuldades que encontrará na caminhada.
O chamado feito a Abraão
- sua vocação - pode ser visto como o início do Povo de Deus. Nosso Patriarca vive
bem em sua terra, possui mulher, família e muitos bens. Deus, ao convidá-lo para estar
com Ele, solicita que deixe tudo e vá para onde Ele lhe indicar. Abraão obedece e
parte com sua mulher e com seu sobrinho, empregados e bens. Ele confia na promessa
do Senhor de que terá descendência e terra, de que será a origem de um grande povo.
O
que aconteceu com Abraão? Como ele deixa a segurança conquistada pelos seus e empreende
uma aventura? Qual a segurança que ele possui? Como tem certeza de que foi Deus quem
lhe falou e lhe pediu essa aparente loucura? Deus não apareceu a Abraão de um
modo físico, palpável, e pronunciou palavras dirigidas a ele, mas Abraão possuía uma
visão espiritual da realidade em que vivia. Ele sabia ler nos acontecimentos da vida
a ação de Deus e entendia, refletindo na oração, o que Deus lhe pedia.
Abraão
teve coragem de deixar o modelo de vida que lhe dava segurança e desacomodando-se
seguiu em frente naquilo que o Senhor lhe pedia através de sinais entendidos na oração. Todo
aquele que presta atenção nos acontecimentos da vida – que sabemos por jornal, rádio,
televisão, internet, e principalmente naqueles que se referem diretamente à nossa
vida particular – e apresenta tudo isso ao Senhor, para que à luz do Espírito Santo,
possa refletir, saberá quais os apelos de Deus para sua vida e poderá se considerar
filho de Abraão, membro desse Povo que é guiado pelo Senhor e não tem medo de desafios
e de viver na insegurança deste mundo. Sua proteção está no Senhor, que fez o céu
e a terra. Por isso sente-se livre para deixar o conforto, a segurança e, com sua
família, após um discernimento, partir para o desconhecido, mas indicado pelo Senhor.
No
Evangelho, Mateus, como sempre, quer mostrar a todos que Jesus é o verdadeiro Messias.
Ele, desde o início do trecho de hoje, usa terminologias conhecidas já no Antigo Testamento,
quando vamos ler o relato da Criação: “Seis dias depois”. Seis dias depois de quê?
Da Criação do Mundo, da Criação do Homem? Quando lemos o Êxodo: “uma alta montanha”.
Qual? A do Sinai? Em seguida, ele vai falar de uma “nuvem luminosa”. Também lemos
sobre ela no Êxodo. Como poderemos interpretar o recado de Mateus? Em seu Evangelho,
sempre que Jesus vai fazer algo muito importante, Ele sobe a montanha. Jesus repete
várias vezes o que Moisés fez. Moisés é envovido por uma luz, Cristo também. Após
o sexto dia Deus descansou, temos a conclusão da Criação. No Evangelho, o sexto dia
quer apresentar a plenificação daquilo que Deus preparou para o homem. Mateus nos
apresenta Jesus como o verdadeiro Moisés, aquele que dá ao novo Povo de Deus, a nova
lei, aquele que revela Deus definitivamente! Jesus nos revela o projeto do Pai.
Todo
aquele que possui uma afinidade, uma intimidade com Jesus Cristo, leva adiante essa
atenção reflexiva para perceber se, no seu dia a dia, o Senhor não lhe está pedindo
alguma coisa. Para essas pessoas, nada é por “acaso”. Para elas essa palavra não existe.
O que aparentemente surgiu sem muito haver, de modo espontâneo, gratuito, mas interferindo
em minha vida, deve ser olhado, refletido como uma mensagem de Deus para mim. Para
o três apóstolos: Pedro, Tiago e João, a trasfiguração de Jesus foi ocasião para crescerem
na atenção dada ao Mestre. Jesus não era mais um, mais um Profeta, mas o Filho amado
do Pai, no qual Ele colocou todo o Seu agrado e ao qual deveremos sempre escutar.
(CAS)