Lahore, 19 mar (RV) - Continua tensa a situação dos cristãos no Paquistão:
foram realizados na última quinta-feira, o funeral de Qamar David, um prisioneiro
católico de 55 anos que morreu na última terça-feira. Presentes no funeral 300 pessoas,
mas por vontade da família, sem câmeras ou jornalistas, por medo de ataques de extremistas
islâmicos. David foi preso por blasfêmia em Karachi.
O funeral foi realizado
na igreja católica de São José, em Lahore, e foi presidido pelo bispo auxiliar da
cidade, Dom Sebastian Shaw, e pelo diretor da Comissão Nacional Justiça e Paz, Padre
Emmanuel Mani. A morte de David teria sido consequência de uma parada cardíaca, possivelmente
devido ao estresse ou a depressão, embora a princípio tenha se falado de tuberculose,
doença tratada na prisão, mas a família acredita que a morte foi causada por envenenamento.
A mesma hipótese foi feita também por ativistas cristãos, que temem agora pela vida
da Asia Bibi, a mulher de 45 anos, cujo caso provocou comoção em todo o mundo: “É
a próxima na lista dos extremistas”, afirmam.
“Trata-se de mais uma vítima
cristã de blasfêmia”, foi o comentário do Vigário-geral de Lahore, Padre André Nisar,
que destacou o choque e o medo no qual vive constantemente a comunidade cristã no
país. A Igreja do Paquistão também fez um convite aos fiéis para rezar pelas minorias
religiosas e pelas vítimas injustas da famigerada “Lei negra”: de fato, durante toda
a semana, foram celebradas missas em sufrágio do ex-ministro para as Minorias , Shahbaz
Bhatti, assassinado por fundamentalistas em 2 de março passado. A este respeito, o
bispo de Islamabad-Rawalpindi, Dom Rufin Anthony disse que “as investigações são motivo
de grande preocupação”, porque o governo e a polícia não assumem nenhuma responsabilidade”.
(SP)