Cidade do Vaticano, 19 mar (RV) - Desde o último dia 11 de março o mundo, estarrecido,
tem o olhar fixo na tragédia que atingiu o povo japonês, ceifando até o momento mais
de 17 mil vidas. As imagens do terremoto e do tusnami que em minutos concelaram a
vida e os bens materiais de milhares de pessoas fizeram a volta ao mundo e entraram
em nossas casas de chofre, sacuindo a nossa impassividade diante de tamanho desastre.
Os japoneses, - no Brasil temos maior população nipônica fora do Japão, são cerca
de 1,5 milhão de pessoas, das quais aproximadamente 1 milhão vive no Estado de São
Paulo - ficaram profundamente abalados com as destruições causadas pelo terremoto
de 9.0 na escala Ritcher. Infelizmente – escreve à Rádio Vaticano um missionário brasileiro
que vive no Japão, Padre Olmes Milani - a grande mídia destaca quase que exclusivamente
a tragicidade “deixando de lado as flores que teimam em desabrochar mesmo em terra
arrasada”. Sem dúvida o povo japonês já deu testemunho de fortaleza, de persistência,
de trabalho abnegado e de amor à sua terra quando reconstruiu as cidades de Tóquio
e Yokohama, destruídas pelo grande terremoto de 1923 que causou a morte de 150 mil
pessoas. Lembramos que o país foi arrasado por duas bombas atômicas durante a Segunda
Guerra Mundial. Vemos através das imagens que nos chegam dos lugares da tragédia,
a dignidade de um povo que silencioso, mas não resignado, se dispõe a levantar a cabeça
e a reconstruir o que destruiu o maior desastre depois da II Guerra. Padre Olmes
no seu relato à Rádio Vaticano nos diz que no drama em que o país vive podemos ressaltar
algumas coisas que certamente contribuirão para diminuir um pouco os sofrimentos das
vítimas. A pequena Igreja Católica no Japão, logo no dia seguinte da grande tragédia
convocava as paróquias e as comunidades para contribuirem com a Caritas do Japão para
ir ao encontro das necessidades dos sobreviventes da catástrofe. Os católicos são
somente 0,5% da população, mas seu óbulo que está sendo depositado será muito valioso
para as vítimas. A pequena comunidade de católicos quer dar a sua contribuição. Contribuição
que o próprio Papa não deixou de fazer, enviando no início da semana 100 mil dólares
à Conferência Episcopal daquele país. Outro dado importante e que não ganha as
manchetes do jornais é a presença dos trabalhadores estrangeiros que foram ao país
do “Sol nascente” em busca de oportunidades de vida melhor. Eles estão se unindo para
compartir o pouco que possuem com quem perdeu tudo, menos a vida. Entres os imigrantes,
- sulbinha o missionário Olmes - especialmente os brasileiros, merecem destaque neste
momento dificil da história do Japão. “Embora, constituindo a classe mais pobre do
país estão escrevendo seu capitulo de solidariedade para com a sociedade que os acolhe.
Em diversas províncias formaram-se grupos espontâneos, ou com o apoio das igrejas
cristãs e de associações de qualquer natureza para organizar coletas de água e comida
para as vítimas”; uma esperança para quem tudo perdeu. O drama neste momento se
consuma também com o temor da Central atômica de Fukushima, onde continuam os esforços
para resfriar os reatores e evitar que os níveis de radiação continuem a subir; um
tema que diz respeito ao mundo inteiro e que fez com que os grandes governos da terra
fizessem uma pausa de reflexão sobre a energia atômica. Diante de imane tragédia
o que devemos fazer por primeiro é rezar para que os nossos irmãos japoneses tenham
esperança; obviamente é necessária uma ajuda material e concreta. Estamos certos de
que a determinação e a operosidade do povo japonês, apoiado pela comunidade internacional,
“fará o sol da alegria brilhar novamente para que na terra arrasada, as flores voltem
a desabrochar”. (SP)