COLÔNIA JAPONESA UNIDA EM SÃO PAULO PARA HOMENAGEM
São Paulo, 18 mar (RV) - Desde a chegada do navio Kasato Maru a Santos, em
18 de junho, 1908, os imigrantes japoneses obtiveram muitas conquistas e vitórias,
superando inúmeras dificuldades. Do porto de Kobe, a embarcação trouxe, numa viagem
de 52 dias, os 781 primeiros imigrantes vinculados ao acordo imigratório estabelecido
entre Brasil e Japão, e 12 passageiros independentes. Seu destino eram as plantações
de café.
Atualmente, o Brasil tem a maior população japonesa fora do Japão.
São cerca de 1,5 milhão de pessoas, das quais aproximadamente 1 milhão vivem no Estado
de São Paulo. Totalmente integrada à sociedade brasileira, a colônia não perdeu seus
costumes e hoje, vive de perto a tragédia que devastou o país de origem.
Associações
que representam a comunidade japonesa promoveram ontem em São Paulo um culto ecumênico
em homenagem às vítimas do terremoto, no auditório da Sociedade Brasileira de Cultura
Japonesa, na Liberdade, tradicional bairro da colônia japonesa na capital paulista. No
ato, o reverendo budista Kensho Kikuchi acusou a “prepotência humana na busca de dominar
a natureza e ter cada vez mais comodidades” como uma das causas dos acidentes na usina
nuclear da província de Fukushima, depois do terremoto e do tsunami.
Presidente
da Federação das Escolas Budistas do Brasil, ele foi o primeiro entre os três líderes
religiosos presentes a transmitir mensagens de solidariedade e fazer orações.
O
padre Paulo Go Kurebayashi, 33 anos, que representou a Igreja Católica, leu um trecho
do livro do Apocalipse da Bíblia, afirmando que se tratava de mensagem de esperança.
Segundo a Folhapress, ele pediu a Deus “acolhesse as vítimas da tragédia”, e desejou
“felicidade aos que ficam”, apesar de tudo.
Já o pastor Mitsu Nagaki, representando
as igrejas evangélicas, leu o salmo 90 da Bíblia, evocando a fugacidade da vida. A
força dos imigrantes japoneses no Brasil também foi lembrada. Os líderes cristãos
fizeram seus discursos tanto em japonês como em português; e o budista, que vive no
Brasil apenas desde novembro, falou em japonês, tendo sido traduzido pelo mestre de
cerimônias.
O cônsul-geral do Japão em SP, Kazuaki Obe, precedeu os líderes
religiosos com um discurso, relembrando que os terremotos, tsunami e perigo nuclear,
juntos, representam “a maior tragédia no Japão, desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)”.
Obe destacou a participação no ato dos cônsules de países como Espanha e Estados Unidos,
e assinalou que toda a ajuda que estão recebendo para seus compatriotas será enviada
ao Japão por meio da Cruz Vermelha Internacional.
No final do evento, flores
brancas e crisântemos foram entregues aos presentes e depositadas em mesa diante do
palco, como símbolo de solidariedade às vítimas. (CM)