Luziânia, 17 mar (RV) - Encerrou-se ontem nesta cidade goiana o 2º Simpósio
Nacional de Mudanças Climáticas e Justiça Social, promovido pelo Fórum Mudanças Climáticas
e Justiça Social (FMCJS), organismo vinculado à Comissão Episcopal Pastoral para a
Caridade, Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O evento
discutiu temáticas relacionadas às principais causas e conseqüências das mudanças
climáticas na vida das populações de todo o mundo.
De acordo com o sociólogo
Ivo Poletto tem se ouvido falar que as mudanças climáticas de fato não existem. No
entanto, especialistas em clima e os próprios agricultores, pescadores e demais trabalhadores
que vivem diretamente dos frutos da terra têm comprovado o aumento de seus efeitos,
perceptíveis a todos.
Os principais efeitos das mudanças climáticas são: aumento
da temperatura mundial, fenômeno conhecido como aquecimento global, gerado pelo aumento
da poluição do ar, e que tem provocado o derretimento das calotas polares e o conseqüente
aumento no nível de água dos oceanos; e a desertificação, que tem aumentado velozmente
nas últimas décadas. Consequência de tais fenômenos são as enchentes e inundações,
os furacões, as nevascas e a seca em diversas regiões do planeta.
Segundo o
Fórum, grande parte desses efeitos é causada pela ação do homem, criado sob o modelo
de desenvolvimento capitalista, que visa o lucro crescente e incessante, exigindo
cada vez mais produção e consumo. Diversas ações contribuem para isso, como a mineração;
a invasão de territórios tradicionais e áreas de florestas para a construção de hidrelétricas
e/ou pequenas centrais hidrelétricas; a agroindústria e as monoculturas de soja e
cana de açúcar, que geram energia para empresas multinacionais, entre outras.
De
acordo com dados publicados pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas
(IPCC-Intergovenmental Panel on Climate Change) há estreita relação entre a ação humana
e o aquecimento global. Exemplos disso podem ser constatados em diversos eventos que
têm se multiplicado nos últimos anos no Brasil, como a seca na Amazônia, que em 2010
foi mais intensa que a de 2005 ou anos anteriores.
Para Poletto, se a situação
continuar assim, a Amazônia será em poucos anos a região do país com os maiores índices
de aquecimento, podendo inclusive ser transformada em uma área de cerrado. Com os
rios secos não será possível sequer a navegação e locomoção das diversas comunidades
que vivem na região.
O 2º Seminário Nacional de Mudanças Climáticas e Justiça
Social foi encerrado com um ato público com a presença de entidades que participam
do simpósio e autoridades governamentais do país, no Centro Cultural de Brasília (CCB).
(CNBB-CM)