Juiz de Fora, 13 mar (RV) - O projeto de Deus é um projeto de vida. A vida
se traduz, entre outras coisas, na justiça que gera a paz. Nesse caso, a serpente
representa a tentação humana de se desviar do que é reto e bom e se deixar levar por
interesses fugazes, que são agradáveis somente na aparência.
Jesus realiza
a justiça do Reino vencendo a tentação da abundância, prestígio e poder. Podemos nós
também vencer a tentação do acúmulo e do poder. Podemos realizar a justiça do Reino.
Deus nos deu discernimento, sabedoria e fortaleza, só que, às vezes nos deixamos levar
por nosso lado fraco.
O Apóstolo Paulo afirma que o Batismo é o nascimento
para uma vida nova, pois é participação na morte e ressurreição de Jesus. Com isso,
desaparece o “Adão”, marcado pela ganância e autossuficiência, para dar lugar à nova
maneira de ver e sentir a vida humana, baseada na fraternidade e na justiça, que geram
a paz.
O tempo da graça é infinitamente superior ao regime da escravidão e
da morte, pois “não acontece com a graça o mesmo que acontece com a falta. Portanto,
se pela falta de um só, todos morreram, com maior razão se espalhou sobre todos com
abundância, a graça de Deus e o dom concedido em um só homem, Jesus Cristo”.
Cada
um de nós traz Adão na sua carne. Ele é nosso pai, irmão e filho ao mesmo tempo, pois
também nos deixamos submeter pela autossuficiência e ganância. Contudo, o Batismo,
que é participação na morte e ressurreição de Jesus, fez de nós gente nova. Isso não
é mérito nosso, é fruto da solidariedade de Jesus, que, com sua morte, justificou-nos,
fazendo-nos passar da morte à vida.
A solidariedade de Jesus para conosco e
a nossa para com Ele abriu o caminho para a fraternidade universal. Fraternidade sem
justiça é mentira e paz sem justiça é impossível.
Podemos restaurar as nossas
faltas, abandonando o velho homem, o “Adão” que existe em nós e seguindo o exemplo
de Cristo, Nosso Redentor.
+ Eurico dos Santos Veloso Arcebispo Emérito
de Juiz de Fora (MG)