Conjugar harmonicamente solidariedade e subsidiariedade: a recomendação do Papa aos
responsáveis das autarquias locais italianas
(12/3/2011) Subsidiariedade e solidariedade são os dois princípios que hão-de permitir
conjugar harmonicamente a unidade da nação italiana (que agora celebra os seus 150
anos) e a pluralidade das comunidades locais: recordou-o Papa ao receber neste sábado
de manhã no Vaticano a Associação Nacional das Autarquias. Bento XVI sublinhou a importância
que assume hoje em dia o tema da cidadania, no contexto da globalização e dos fluxos
migratórios que a caracterizam.
Evocando a origem dos municípios italianos
– “expressões de uma comunidade que se encontra, dialoga, faz festa e projecta conjuntamente”,
o Santo Padre reconheceu que também hoje se sente a necessidade de pertencer a uma
comunidade fraterna, onde por exemplo a paróquia e a freguesia contribuam para um
modus vivendi justo e solidário, não obstante as tensões e dificuldades da vida moderna.
A multiplicidade das realidades locais – observou Bento XVI – não entra em contradição
com a unidade da nação: “Unidade e pluralidade são, em níveis
diversos, incluindo o eclesiológico, dois valores que se enriquecem mutuamente, se
mantidos no justo e recíproco equilíbrio. Há dois princípios, típicos do ensinamento
social da Igreja, que consentem esta harmónica com-presença entre unidade e pluralidade:
da subsidariedade e da solidariedade”.
A subsidiariedade – “expressão
da inalienável liberdade humana” (explicou o Papa), é antes de mais ajuda à pessoa,
através dos corpos intermédios. Ajuda que intervém quando a pessoa e os sujeitos sociais
dela carecem, mantendo-se sempre o máximo de liberdade e de margem de responsabilidade.
“O
princípio de subsidariedade há que o manter estreitamente ligado ao princípio da solidariedade,
e vice-versa. Sem solidariedade, a subsidiariedade decai no particularismo social;
mas também a solidariedade, sem subsidiariedade, degenera num assistencialismo que
humilha quem carece da ajuda”.
A concluir a sua alocução aos membros
da Associação dos Municípios italianos, Bento XVI fez ainda referência ao tema da
cidadania que (disse) “constitui um dos âmbitos fundamentais da vida e convivência
das pessoas:
“Hoje em dia a cidadania coloca-se no contexto da globalização,
a qual se caracteriza pelos grandes fluxos migratórios. Perante esta realidade,, há
que saber conjugar solidariedade e respeito pelas leis, sem subverter a convivência
social e tendo em conta os princípios do direito e da tradição cultural e mesmo religiosa
ligada à origem da Nação italiana”.