Cidade do Vaticano, 10 mar (RV) - Bento XVI presidiu ontem na colina romana
do Aventino a procissão penitencial que abriu o tempo litúrgico da Quaresma, e oficiou
a Missa das Cinzas, afirmando em sua homilia que a Quaresma não deve ser tempo de
tristeza e que o mundo atual precisa de conversão. “A opinião comum é que a Quaresma
é um tempo de tristeza, cinzento. Contudo, é um dom precioso de Deus, um tempo forte
e denso de significados no caminho da Igreja rumo à Páscoa” – disse o Papa diante
de milhares de pessoas que participaram do rito na Basílica de Santa Sabina. Bento
XVI disse ainda que “a Quaresma é um tempo de conversão e que o mundo precisa ser
convertido por Deus; precisa de seu amor, já que necessita de um coração novo”. Numa
tarde ensolarada, Bento XVI deixou o Vaticano e foi ao Aventino, uma das sete colinas
de Roma, e percorreu a pé todo o trajeto da Basílica de Santo Anselmo até Santa Sabina,
onde recebeu e impôs as cinzas. O Papa presidiu a procissão acompanhado por vários
cardeais, bispos, monges beneditinos de Santo Anselmo e dominicanos de Santa Sabina,
sacerdotes e milhares de féis. Uma vez em Santa Sabina, Bento XVI recebeu as cinzas,
em sinal de conversão e penitência, das mãos do Cardeal Jozef Tomko, Prefeito emérito
da Congregação para a Evangelização dos Povos e titular desta igreja. Em seguida,
impôs as cinzas ao Cardeal Tomko e a outros cardeais, bispos, religiosos e fiéis.
Sobre as práticas tradicionais de “esmola, oração e jejum”, o Papa alertou para
o “formalismo exterior” e a tentação de querer demonstrar “superioridade”. “Quando
se realiza algum ato de bondade, surge instintivamente o desejo de sermos reconhecidos
e admirados por isso. Isso, por um lado, encerra-nos em nós mesmos e, por outro, nos
projeta para fora, para o que os outros pensam e admiram em nós” - disse. Neste
contexto, Bento XVI convidou a viver estas práticas “não por amor próprio, mas por
amor a Deus”. “Esmola, oração e jejum são o caminho da pedagogia divina que nos
acompanha até ao encontro com o Senhor ressuscitado, um percurso que é preciso realizar
sem ostentação” – acrescentou. (CM)