Austeridade, partilha, voluntariado e atenção à Bíblia marcam mensagem da Quaresma
do bispo de Angra
(9/3/2011) Austeridade, partilha, voluntariado e atenção à Bíblia constituem as quatro
colunas da mensagem para a Quaresma do bispo D. António Sousa Braga. “Não é preciso
esperar pelas medidas de austeridade, para ter uma vida mais sóbria, que não se deixa
enredar pela lógica do consumismo”, escreve o prelado na nota pastoral intitulada
‘Quaresma: caminhada de conversão’. Para D. António Braga, a “escuta e meditação”
da palavra de Deus deve conduzir à “leitura assídua e ao estudo aturado da Bíblia,
bem como ao aprofundamento da Doutrina Social da Igreja, que é a aplicação do Evangelho
de Jesus à situação concreta da vida”. “Não é possível construir uma sociedade
mais justa e fraterna, sem ter em atenção os critérios e as directrizes da Doutrina
Social da Igreja, que rejeita, tanto o Capitalismo de Estado, como o Liberalismo selvagem”,
refere o texto. Depois de recordar os “dois pilares essenciais” do ensinamento
social da Igreja – o “primado da pessoa humana” e a “promoção do bem comum” – o prelado
sublinha que “não se pode dar por caridade o que é devido por justiça” e “não há verdadeira
justiça sem a gratuidade do amor”. No respeitante à partilha, os católicos são
convidados a repartir não só o “supérfluo” mas também o “necessário” para “ajudar
quem mais precisa”, acentua D. António Braga. A mensagem anuncia que a renúncia
quaresmal de 2010 rendeu cerca de 28 500 euros e que a deste ano vai ser destinada
ao fundo de solidariedade da diocese de Angra, criado em 2009 e gerido pela Caritas
local. A renúncia quaresmal é uma prática em que os fiéis abdicam da compra de
bens que adquirem habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para
uma finalidade especificada pelo bispo. A propósito do Ano Europeu das Actividades
de Voluntariado que Promovam uma Cidadania Activa, que decorre em 2011, o bispo de
Angra considera que a actual “situação de crise” enquadra-se na “aplicação do princípio
da subsidiariedade, típico da Doutrina Social da Igreja”, que se concretiza na “valorização
da sociedade civil e, nela, dos corpos intermédios entre a pessoa e o Estado”. A
Quaresma, que começa na quarta-feira de Cinzas (este ano a 9 de Março), é um período
de 40 dias, exceptuando os domingos, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência,
que servem de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário dos cristãos,
em que se assinala a passagem da morte para a ressurreição de Cristo.