Lahore, 09 mar (RV) - Asia Bibi, da sua cela de isolamento na prisão de Sheikhupura,
Punjab, manifestou “tristeza e preocupação com a morte do ministro Shahbaz Bhatti”.
Foi o que disse à agência Fides o seu advogado, que a visitou na segunda-feira. Asia
está triste pela morte de uma pessoa que como “o Governador Taseer, a defendeu, expondo-se
publicamente, e pagando com a vida”. O advogado, contatado através da “Masihi Foundation”,
que presta assistência jurídica a mulher católica condenada à morte com a acusação
de blasfêmia, destacou que “Ásia, disse-lhe que uma parte de suas esperanças morreu
com Bhatti, mas há outros elementos que a ajudam esperar: o apoio de todos os cristãos
no Paquistão e em todo o mundo e a visita de seus filhos, que se tornou possível após
problemas burocráticos, nestes dias”.
Asia, entretanto, tem medo, pois poderia
ser o próximo alvo dos grupos islâmicos radicais: nas proximidades da prisão de Sheikhupura
foram colocados cartazes com a figura de Taseer e de Bhatti com um grande ponto de
interrogação, acompanhados pela frase intimidadora: “Quem será o próximo?”. Os advogados
de Ásia informaram que, dadas as tensões atuais, é preferível esperar um pouco antes
de iniciar o recurso de apelação. E reafirmam, junto com todos os advogados cristãos
do Punjab, a urgência de defender as minorias religiosas no Paquistão e proteger o
“Estado de Direito”.
A “Associação dos Advogados Cristãos do Paquistão” organizou
na segunda-feira uma manifestação pública em Lahore, do Palácio do Tribunal Superior
até o Palácio do Parlamento do Punjab, envolvendo também Asma Jahangir, a mulher Presidente
da Ordem dos Advogados, junto ao Supremo Tribunal Federal. O Presidente da Associação,
Akbar Munawar Durrani recordou que o assassinato de Bhatti é um trágico testemunho
do terrorismo e do extremismo que vive o país e pediu a abolição de todas as leis
discriminatórias, a proibição de publicações que alimentam o ódio contra as minorias
religiosas, e ação legal contra os líderes radicais islâmicos que pediram publicamente
a morte dos expoentes das minorias religiosas, porque favoráveis a uma revisão da
lei sobre a blasfêmia. “É óbvio que na raiz das perseguições, encontra-se a lei da
blasfêmia: vamos continuar a pedir a sua revogação”, disse o Centro de Assistência
Jurídica, Assistência e Liquidação, com sede em Londres, que defende muitas vítimas
inocentes, acusadas de blasfêmia no Paquistão. (SP)