Araguaina, 07 mar (RV) - O coordenador da Comissão Dominicana de Justiça e
Paz do Brasil, Frei José Fernandes Alves, divulgou uma nota de indignação pelo assassinato
de Sebastião Bezerra, 40 anos, coordenador do Centro de Direitos Humanos de Cristalândia
(TO) e secretário do Regional Centro-Oeste do Movimento Nacional de Direitos Humanos
(MNDH).
“A dor é grande, a esperança é maior. Esperança de uma sociedade alicerçada
na Justiça e na Paz, gerando mulheres, homens, famílias e sociedade não violentas”,
diz um trecho da nota. Sebastião Bezerra da Silva terá sido assassinado domingo,
27 de fevereiro, em Gurupi (TO), e as primeiras informações indicam que foi torturado
antes de ser morto. Ele foi sepultado no município de Araguaçu, onde moram seus familiares.
Um
coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) informou ao jornal que Silva lhe relatou
que sofria ameaças.
Na última sexta, o delegado Jackson Ribas, responsável
pelo caso, apresentou o nome de dois acusados de ter cometido o crime: os irmãos,
Ricardo José Gonçalves, 20 anos e Janes Miguel Gonçalves Junior, de 19 anos.
A
Justiça decretou mandado de prisão temporária. Os acusados encontram-se foragidos,
mas, segundo Ribas, a prisão é uma questão de tempo.
Leia a integra da nota
de dor e esperança divulgada pela Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil:
“Tomamos
conhecimento do assassinato de nosso irmão e companheiro de luta, Sebastião Bezerra
Silva, residente na cidade de Paraíso, TO, casado com Iolanda, pai de duas filhas,
promotor e defensor dos Direitos Humanos, Secretário Executivo do Movimento Nacional
de Direitos Humanos – Regional Centro Oeste e do Centro de Direitos Humanos de Cristalândia.
Sebastião integrou a 1ª Turma do Curso de Especialização em Direitos Humanos, promovido
pela Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil e estava entre os missionários
inscritos ao Mutirão Dominicano junto às comunidades da Diocese de Conceição do Araguaia. O
que podemos afirmar, até o momento, é que ele foi visto pela última vez com vida na
madrugada de sábado e, finalmente, seu corpo foi identificado ontem à tarde, no IML
de Gurupi. De acordo com o advogado Sávio Barbalho, Sebastião estava retornando de
Goiânia na madrugada do sábado. Sávio, contatado pela família, procurou a PM e foi
informado que um corpo foi achado semi-enterrado, em Dueré, na Fazenda Caridade, a
40 km de Gurupi, e que estava sem identificação no IML. Ainda conforme o advogado,
“Sebastião foi torturado e assassinado com requinte de crueldade. Em torno do pescoço
dele foi encontrada uma corda. Ele foi asfixiado”.
Estou em viagem e, é da
estrada deste imenso país cheio de contradições, que escrevo esta Nota. Algumas pessoas
de nossa Comissão, que moram no Estado do Tocantins participarão, hoje no final da
tarde, da celebração pascal e plantio de Sebastião no campo santo da cidade de Araguaçu,
TO.
A dor é grande, a esperança é maior. Esperança de uma sociedade alicerçada
na Justiça e na Paz, gerando mulheres, homens, famílias e sociedade não violentas.
Pessoas e entidades que desejarem enviar mensagens à família de Sebastião podem fazer
através de nosso e-mail: justpaz@dominicanos.org.br .
Indignados pela crescente
violência e, na certeza que o grão de trigo que morre, ao ser plantado na terra, produz
frutos (cf. Jo 12, 24) e solidários com a família de Sebastião e com a família nacional
dos/as defensores/as dos Direitos Humanos, enviamos o nosso fraterno abraço, no silêncio
da dor.
Araguaina, TO, 28 de fevereiro de 2011 Frei José Fernandes Alves Coordenador
da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil