BENTO XVI A SEMINARISTAS DA DIOCESE DE ROMA: AMOR CRISTÃO É VÍNCULO QUE LIBERTA
Cidade do Vaticano, 05 mar (RV) - "A unidade da Igreja não é dada por um caráter
imposto externamente, mas é fruto de uma concórdia, de um empenho comum de comportar-se
como Jesus, por força de seu espírito."
Assim se expressou o Santo Padre na
visita que fez, no início da noite desta sexta-feira, ao Seminário Romano Maior, na
vigília da Festa de Nossa Senhora da Confiança, Padroeira do Instituto.
Durante
o encontro, Bento XVI fez uma lectio divina a todos os seminaristas da Diocese
de Roma, centralizada num trecho da Carta da São Paulo aos Efésios.
"O amor
cristão é um vínculo que liberta", o testemunha São Paulo "prisioneiro" por causa
do Senhor, e o recordou Bento XVI aos seminaristas da Diocese de Roma.
O comportamento
dos cristãos é a consequência do dom, a realização daquilo que nos é dado a cada dia.
E, todavia – observou o Pontífice – se é simplesmente realização do dom que nos foi
concedido, não se trata de um efeito automático, porque com Deus estamos sempre na
realidade da liberdade e, por isso, como resposta, também a realização do dom é liberdade.
"O
Batismo, o sabemos, não produz automaticamente uma vida coerente: ela é fruto da vontade
e do empenho perseverante de colaborar com o dom, com a graça recebida. E esse empenho
custa, há um preço a pagar pessoalmente. Talvez por isso São Paulo faz referência
justamente aí à sua condição atual: "Eu, portanto, prisioneiro, por causa do Senhor,
vos exorto..."
Seguir Cristo significa partilhar a sua Paixão – continuou o
Papa – segui-lo até o fim, e essa participação na sorte do Mestre une profundamente
a Ele e reforça a autoridade da exortação do Apóstolo.
Prosseguindo sua reflexão,
Bento XVI se deteve sobre a palavra "vocação". São Paulo escreve: "comportai-vos de
modo digno do chamado que recebestes".
Neste caso – observou – trata-se da
vocação comum a todos os cristãos, ou seja, a vocação batismal: o chamado a ser de
Cristo e viver n'Ele, em seu corpo.
"A vida cristã começa com um chamado e
permanece sempre uma resposta, até o fim. E isso se dá quer na dimensão do crer, quer
na do agir: tanto a fé quanto o comportamento do cristão são correspondência à graça
da vocação" – frisou.
Depois, o Papa deu um passo adiante em sua lectio
divina. "Após essa palavra do chamado, segue a dimensão eclesial. Falamos da vocação
como uma vocação muito pessoal: Deus chama-me, conhece-me, espera a minha resposta
pessoal. Mas, ao mesmo tempo, o chamado de Deus é um chamado em comunidade, é um chamado
eclesial, nos chama numa comunidade."
Neste momento – prosseguiu – o Seminário
é o corpo no qual se realiza concretamente o estar em caminho comum. Depois está a
paróquia. A Igreja é corpo, portanto, tem estruturas (...) Justamente assim estamos
em comunhão com Cristo, aceitando essa corporeidade da sua Igreja, do Espírito que
se encarna no corpo.
Por outro lado, muitas vezes sentimos o problema, a dificuldade
dessa comunidade, começando pela comunidade concreta do seminário até a agrande comunidade
da Igreja com as suas instituições. "Devemos também considerar que é muito bonito
estar numa companhia, caminhar numa grande companhia de todos os séculos, ter amigos
no céu e na terra, sentir a beleza deste corpo, ser felizes de o Senhor ter-nos chamado
num corpo e ter-nos dado amigos em todas as partes do mundo." (RL)