SANTA SÉ NA ONU: "A LIBERDADE RELIGIOSA ESTÁ NO CORAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS"
Genebra, 03 mar (RV) – O observador permanente da Santa Sé junto às Nações
Unidas, Arcebispo Silvano Maria Tomasi, pronunciou-se ontem, na 16ª sessão do Conselho
de Direitos Humanos das Nações Unidas, reunido em Genebra. Fundamentalmente, o seu
discurso baseou-se na liberdade religiosa.
“No coração dos Direitos Humanos
– iniciou Dom Tomasi -, estão a liberdade religiosa, a liberdade de consciência e
a liberdade de crença. Elas fazem parte da formação da personalidade de cada um e
tornam possível a vivência dos outros Direitos Fundamentais.”
Para o arcebispo
- e conforme explicitado na Declaração da Onu para a Eliminação da Discriminação Religiosa
– “a dimensão espiritual da vida é de extrema importância para a existência humana”.
Essa dimensão, contudo, tem sido desrespeitada em diversas partes do mundo - conforme
lembrou o prelado -, com a proliferação dos episódios de violências contra minorias
religiosas, ferindo um princípio que é, inclusive, protegido pela lei.
O representante
vaticano ressaltou o dever do Estado de defender o direito à liberdade religiosa e
de criar um ambiente no qual esse direito possa ser usufruído. Ele deu relevância
a três importantes aspectos. Primeiramente, ressaltou que o direito de expressar e
praticar a religião inclui o direito a realizar atos de caridade e serviços sociais,
tais como fornecer assistência médica e educação por meio das instituições religiosas.
Em segundo lugar, lembrou que as instituições religiosas são parte da sociedade
civil, e não ramificações do Estado. Tolerância religiosa inclui o respeito a diferentes
opiniões e o respeito também das diferenças entre as instituições estatais e as religiosas.
Por último, esclareceu que o direito a escolher, em determinado momento da
vida, praticar uma religião que não a sua original, não significa que toda a verdade
seja relativa e que uma religião não seja mais plenamente válida. “O direito de adotar
uma religião e de trocar de religião é baseado no respeito pela dignidade humana,
e o Estado deve permitir a liberdade para a busca pessoal pela verdade”, explicou
Dom Tomasi.
Concluindo, relembrou as palavras de Bento XVI durante
seu discurso aos membros do corpo diplomático acreditados junto à Santa Sé, proferido
no início desse ano: “liberdade religiosa é o caminho para a paz. E a paz é construída
e preservada somente quando os seres humanos podem, livremente, buscar e servir a
Deus nos seus corações, nas suas vidas e nas suas relações com os outros.” (ED)