Bispo de Beja propõe «realismo da fé» para combater males da sociedade
(3/3/2011) O bispo de Beja acredita que o «realismo da fé» pode ser «terapia gratuita»
para tratar uma sociedade marcada pelo desespero e frustração. “Tem de ser usada
preventivamente e a longo prazo, pois a fé que move montanhas não é uma mezinha de
desesperados, mas um dom, por um lado gratuito, mas por outro, alimentado com muito
exercício” escreve D. António Vitalino, na sua habitual nota semanal. Recentemente,
o prelado participou numa acção intitulada “A vida vale”, que faz parte de um projecto
da Fundação Odemira para combater a taxa de suicídios em Portugal. O país tem a
quarta maior taxa de suicídios da Europa, em grande medida, graças ao concelho de
Odemira, na diocese de Beja. “Não posso nem quero julgar, no entanto afirmei que
a fé, a descoberta do sentido da vida e do próprio sofrimento podem contribuir para
diminuir o número” sustenta o bispo bejense, para quem “há pouca clareza sobre o que
é a vida humana, a sua origem, o seu sentido”. “Quem vive apenas para o culto do
corpo, rapidamente se verá confrontado com os seus limites” avisa D. António Vitalino,
apontando para problemas que começam, muitas vezes, logo na infância. O prelado
mostra-se convencido de que “os valores religiosos, a fé como relação pessoal com
Deus, mesmo que não seja a imagem de Deus dos Cristãos, contribuem para fortalecer
os dinamismos positivos da vida”. Por isso, propõe uma revisão profunda aos sistemas
educativos, e apoiar as famílias que desejem educar os seus filhos “na base dos valores
humanos, transcendentes, espirituais e religiosos”. O bispo de Beja critica ainda
a pouca importância que a língua materna, os valores familiares, as raízes da cultura,
a filosofia, a consciência cívica e moral têm vindo a assumir, no processo educativo
de crianças e jovens.