ANGELUS: "NÃO SE PODE SERVIR A DOIS SENHORES, DEUS E A RIQUEZA"
Cidade do Vaticano 27 fev (RV) – “Não se pode servir a dois senhores, Deus
e a riqueza”. Essa a mensagem que Bento XVI quis propor na manhã deste domingo aos
mais de 50 mil fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro para a oração mariana
do Angelus. O Santo Padre iniciou a sua breve alocução recordando que na liturgia
deste domingo ecoa uma das palavras mais tocantes da Sagrada Escritura. O Espírito
Santo nos deu através da pena do chamado “segundo Isaías”, que, para consolar Jerusalém
atingida por desventuras, assim se exprime: “Mas pode a mãe se esquecer do seu filho,
pode ela deixar de ter amor pelo filho de suas entranhas? Ainda que ela se esqueça,
eu não me esquecerei de você".(Is 49:15). E o Papa acrescentou:
“Este convite
a confiar no amor infalível de Deus é comparado com a página, também muito sugestiva
do Evangelho de Mateus em que Jesus exorta seus discípulos a confiar na Providência
do Pai celeste, que alimenta as aves do céu e veste os lírios do campo, e conhece
todas as nossas necessidades (cf. 6,24-34). Assim diz o Mestre: “Não se preocupem,
dizendo: O que comeremos? O que beberemos? O que vestiremos? De todas essas coisas
vão em busca os pagãos. O Pai celeste sabe do que vocês necessitam”.
Em
seguida Bento XVI afirmou que diante da situação de muitas pessoas, próximas ou distantes,
que vivem na miséria, esse discurso de Jesus pode parecer pouco realista, ou até mesmo
evasivo.
“Na verdade, - continua o Papa - o Senhor quer deixar bem claro
que não se pode servir a dois senhores: Deus e a riqueza. Aqueles que crêem em Deus,
Pai cheio de amor pelos seus filhos, dão prioridade à busca de seu reino, da sua vontade.
E este é precisamente o oposto do fatalismo ou de um ingênuo irenismo”.
Bento
XVI destacou que a “fé na Providência, na verdade, não dispensa a árdua luta por uma
vida digna, mas liberta do afã pelas coisas e do medo do amanhã”. É claro que este
ensinamento de Jesus, mesmo permanecendo sempre verdadeiro e válido para todos, é
praticado de maneiras diferentes de acordo com vocações distintas. O Papa citou o
exemplo de um frade franciscano que poderá segui-lo de modo mais radical, enquanto
um pai de família deverá ter em conta os seus próprios deveres para com sua esposa
e filhos. Em todo caso, porém, o cristão se distingue pela absoluta confiança no Pai
Celeste, como foi para Jesus. E o Pontífice destacou:
“É precisamente a
relação com Deus Pai, que dá sentido à vida de Cristo, às suas palavras, aos seus
gestos de salvação, até à sua paixão, morte e ressurreição. Jesus nos mostrou o que
significa viver com os pés bem firmes no chão, atentos às concretas situações do próximo,
e ao mesmo tempo mantendo o coração no céu, imerso na misericórdia de Deus”.
O
Santo Padre concluiu suas palavras convidando todos a invocarem a Virgem Maria com
o título de Mãe da Divina Providência. “A Ela – disse - confiamos a nossa vida, o
caminho da Igreja, as vicissitudes da história. Em especial, invoquemos a sua intercessão
para que possamos aprender a viver num estilo mais simples e sóbrio, no cotidiano
trabalho e no respeito da criação, que Deus confiou aos nossos cuidados”.
Em
seguida Bento XVI concedeu a todos a sua Benção Apostólica. (SP)