2011-02-26 13:42:22

OS VENTOS DA LIBERDADE QUE SACODEM O MAGREB CRUZARÃO O DESERTO?


Cidade do Vaticano, 26 fev (RV) - Nesses dias de profunda transformação no Magreb (região africana formada por Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Saara Ocidental e Mauritânia), a imprensa local tem levantado questões sobre a possibilidade de expansão das revoltas populares para além do deserto do Saara. A especulação é a de que o vento das revoltas populares na Líbia, no Egito e na Tunísia possa atravessar o deserto e chegar às fortalezas autocráticas que governam os países da África Subsaariana. A agência missionária Misna estudou algumas das reflexões feitas nesses últimos dias pelos meios de comunicação de todo o Continente.

Em entrevista à Rádio Vaticana, o diretor da Misna, Pe. Carmine Curci, disse que a mídia está possibilitando que os jovens de todo o Continente acompanhem o que está acontecendo acima do Saara, fazendo despertar nos que estão ao sul do deserto essa mesma indignação. Ele ressalta, porém, uma diferença importante no que diz respeito ao uso da internet como instrumento de organização. Facebook, Youtube e outros portais interativos da web – muito utilizados pelos jovens do Norte da África na organização desses movimentos – não têm a mesma difusão no sul, pois são poucos os que têm acesso a essa ferramenta.

Pe. Curci sublinhou, porém, que, em ambos os casos, os motivos das revoltas são praticamente os mesmos: desemprego, opressão de alguns governos ditatoriais, analfabetismo e descrença nas promessas dos políticos que não se concretizam jamais.

O sacerdote trouxe outro dado relevante: 60% da população africana têm menos de 18 anos, ou seja, desde que nasceram, conhecem um só governante, um só modo de fazer política, pois grande parte destes está no poder há mais de 30 anos. Aí entra o papel da mídia, que, conforme explicou o diretor da Misna, consegue mostrar à juventude que existem outras formas de viver e governar, outras formas de sociedade. Principalmente naqueles que tiveram acesso à educação formal, “a democracia está criando raízes nos seus corações”, acrescentou. (ED)







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