Ragipara, 22 fev (RV) - Um vilarejo foi incendiado e dezenas de pessoas ficaram
feridas e foram expulsas de Ragipara no distrito montanhoso de Rangamati, na diocese
de Chittagong, Bangladesh. Os moradores locais que sofreram a violência, perpetrada
por agricultores muçulmanos, são budistas, hindus e cristãos das minorias étnicas:
essa é a denúncia feita à agência Fides pela Comissão “Justiça e Paz” da Igreja local.
No último dia 17 de fevereiro mais de 300 agricultores muçulmanos, que querem tomar
as terras para a agricultura, organizaram uma ação punitiva contra o vilarejo habitado
por povos indígenas. Os agricultores foram apoiados por agentes da polícia local que
legitimaram os abusos.
Outros casos como este (habitantes nativos atacados
e privados de sua terra) se registraram nos últimos dias na área de Gulishakhali.
Os agricultores muçulmanos usaram como pretexto a morte de seu companheiro, Ali Saber,
encontrado morto na área de Ragiparam, e deram vida a uma reação violenta, pisoteando
os direitos das minorias.
“Atearam fogo em nossas casas e nas nossas pequenas
lojas”, disse uma testemunha ocular. Há muito tempo os agricultores muçulmanos desejam
expulsar da área os grupos étnicos locais, não-muçulmanos para adquirir novos terrenos
agrícolas. Em muitos casos, eles conseguiram, porque ninguém, nem mesmo as autoridades
civis, respeita e garante os direitos das minorias étnicas e religiosas.
O
advogado Devasish Roy King, também ele pertencente à minoria local, escreveu uma carta
aberta às autoridades civis e à Comissão de Direitos Humanos do Bangladesh, denunciando
o ocorrido e citando “a cumplicidade da polícia local”. A carta pede uma investigação
sobre o episódio de Ragipara, com a identificação e punição dos culpados, e convida
o governo a proteger e salvaguardar os direitos dos cidadãos, membros de minorias
étnicas ou religiosas. (SP)