EGITO: CRISTÃOS E MUÇULMANOS DEVEM TRABALHAR JUNTOS
Roma, 21 fev (RV) - Após a saída do poder do Presidente Hosni Mubarak, os cristãos
no Egito precisam trabalhar agora para obter a igualdade em um país majoritariamente
muçulmano: foi o que disse o especialista no Islã, o sacerdote jesuíta Samir Khalil
Samir.
Em diálogo telefônico com a agência ACI Prensa depois do anúncio da
saída de Mubarak, o jesuíta assinalou que “o que necessitamos agora é algo que ajude
às pessoas a viverem mais humanamente”.
“Talvez depois disto, depois de ter
passado por um regime autoritário - de mais de 30 anos -, as pessoas busquem realmente
fazer algo mais democrático”.
O sacerdote disse ainda que se viu animado porque
os protestos contra Mubarak nasceram do povo, incluindo todos os setores e religiões
da sociedade. “Cristãos e muçulmanos estiveram juntos. Não tivemos nenhum chamado
extremista do Islã. Além disso, tampouco houve agressões contra Israel, Estados Unidos
ou bandeiras queimadas”, disse com certa surpresa. “O resultado disto é uma nova esperança
para o Egito”, acrescentou.
Agora é preciso gerar um governo democrático que
não seja extremista e que respeite o direito de cristãos - que são uma minoria - e
muçulmanos por igual. O sacerdote explicou também que existe ainda a ameaça de que
os Irmãos Muçulmanos queiram “islamizar” o país, mas que isso não seria conveniente
para o Egito.
Padre Khalil disse à ACI Prensa que existem três áreas nas quais
é importante que os cristãos assegurem a igualdade. A primeira é no mercado de trabalho,
“para que não exista a preferência de contratar um muçulmano ao invés de um cristão”.
O
segundo ponto é o das permissões para construir Igrejas, para que seja tão fácil como
é para os muçulmanos construírem suas mesquitas. Uma lei de 1880 faz que os cristãos
tenham muitas complicações para isto.
O terceiro tema é o da liberdade de consciência:
os egípcios deveriam ser livres para se converter do cristianismo ao Islã e vice-versa
sem que exista ameaça alguma contra os conversos. “O importante e que deve ficar claro
é isto: que estamos todos sob as mesmas normas”, precisou o sacerdote.
Os cristãos,
disse, devem sair de seus guetos “para estar muito mais envolvidos na sociedade, no
mundo político, social e econômico da nação”.
É importante, concluiu Padre
Khalil, que os cristãos egípcios considerem que “se houver algo a ser dito devem dizê-lo,
e se alguém diz algo contra o cristianismo é preciso corrigi-lo. E se dissermos algo
de errado então devemos estar de acordo no fato de que outra pessoa nos corrija”.
(SP)