Patriarca de Lisboa pede aos católicos uma mensagem de esperança para o mundo moderno
(18/2/2011) O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, pediu aos católicos
que se mostrem capazes de “suscitar e acordar” uma “mensagem de esperança” para o
mundo moderno. Este responsável falava na sede da Universidade Católica Portuguesa
(UCP), em Lisboa, na abertura dos trabalhos das jornadas de estudos teológicos que
decorreram esta quinta feira dia 17. Numa conferência centrada na relação entre
a Igreja e o mundo, numa “leitura dos sinais dos tempos”, o cardeal-patriarca falou
na “perenidade” de um dos “grandes temas” do Concílio Vaticano II. D. José Policarpo
destacou que este Concilio optou por não começar com uma “condenação” dos erros do
mundo, sublinhando que “não há leitura possível dos sinais dos tempos se a Igreja
olha para a realidade humana para a condenar”. “A salvação acontece na história”,
disse, e está ligada a “utopias, ideais, coisas bonitas e menos bonita que este mundo
moderno nos vai proporcionando”. Para D. José Policarpo, a leitura dos “sinais
dos tempos” é uma “dimensão perene da missão da Igreja”; e lembrou a constituição
pastoral «Gaudium et Spes», sobre a Igreja no mundo actual, de 1965, documento conciliar
em que se manifesta o “desafio, o dever de a Igreja continuamente fazer um esforço
por discernir na realidade do mundo sinais do Reino de Deus”. “Se há aspecto importante
na vida da Igreja é a sua relação com o mundo”, acrescentou. Alertou para o “vício
da análise” e defendeu que “se a Igreja não cultivar a dimensão profética da sua missão,
ela nunca perceberá o que é este desafio de ler os sinais dos tempos”. Noutro ponto
da sua intervenção, o cardeal Patriarca de Lisboa falou numa “igreja muito clerical”,
declarando que os leigos “não arriscam a verdade da sua fé no mundo em que estão inseridos”. D.
José Policarpo disse ainda que “a leitura dos sinais dos tempos não está ligada a
factos, está ligada a acontecimentos”, particularmente significativos. Nesse contexto,
os católicos devem acompanhar as “tomadas de consciência colectivas” que geram dinâmicas
“imparáveis”. “Aí compete à Igreja entrar dentro da corrente e perceber qual é
a atitude específica que ela deve tomar”, precisou. Em conclusão, D. José Policarpo
deixou votos de que a Igreja saiba “estar dentro da história de coração aberto”.