2011-02-17 17:55:30

CARDEAL RODÉ FAZ BALANÇO DE SUA EXPERIÊNCIA À FRENTE DO DICASTÉRIO VATICANO PARA A VIDA CONSAGRADA


Cidade do Vaticano, 17 fev (RV) - Carismas antigos, que ao longo dos séculos tornaram o rosto da Igreja mais bonito. E novas realidades masculinas e femininas, atraídas pela radicalidade evangélica, que com a sua escolha reagem à progressiva descristianização da nossa época.

O Cardeal esloveno Franc Rodé, desempenhando o cargo de Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, trabalhou durante sete anos a serviço de tais realidades religiosas.

Há pouco mais de um mês, o purpurado de 76 anos deixou o encargo a seu sucessor, o Arcebispo emérito de Brasília, Dom João Braz de Aviz, que tomou posse nesta quinta-feira. A Rádio Vaticano pediu ao Cardeal Rodé que traçasse um balanço de seu trabalho, intensamente vivido entre os religiosos e as religiosas do mundo inteiro:

Cardeal Franc Rodé:- "Os religiosos na história da Igreja e na história do mundo sempre foram foco de animação espiritual e de dinamismo missionário. Podemos dizer que as grandes reformas na história da Igreja foram fruto da obra dos religiosos: basta pensar em são Bento, São Bernardo de Claraval, São Francisco, Santo Domingo e Santo Inácio de Loyola. E também foram – e isso é singular – os mais perseguidos na história, e os mais canonizados."

P. Durante seus anos de serviço o senhor pôde visitar muitas comunidades religiosas espalhadas pelo mundo. Qual a impressão que teve?

Cardeal Franc Rodé:- "Hoje, os religiosos representam, mais ou menos, um milhão e cem mil homens e mulheres e são uma presença jovem e dinâmica na América Latina, na África e na Ásia. Ultimamente estive em Angola, um ano antes, na República de Camarões e, também, na Bolívia. Vi uma obra maravilhosa por amor a Cristo realizada pelos religiosos, como também obras sociais muito importantes: ambulatórios, hospitais, creches e escolas... Tudo isso, com uma dedicação admirável."

P. Apesar da grande dedicação que o senhor encontrou, é inegável – e também o Papa o reconheceu – que a vida religiosa não se encontra, infelizmente, imune a uma certa perda de identidade...

Cardeal Franc Rodé:- "A vida religiosa encontra-se hoje em dificuldade e é preciso reconhecer isso. A secularização penetrou muitas comunidades e muitas consciências. A secularização se expressa numa oração sem recolhimento e, muitas vezes, formal, e prejudica o conceito de obediência, introduzindo uma certa mentalidade "democrática" que exclui o papel da autoridade legítima. Com a secularização se corre o risco de transformar as obras de caridade em serviços sociais, e isso em detrimento do anúncio do Evangelho: prefere-se uma sociedade do bem-estar, a uma realidade de sinal escatológico. Esses sinais de secularização estão presentes em todos os lugares, mas, sobretudo, no mundo ocidental. O meu esforço, como Prefeito dos religiosos, foi o de buscar superar essa mentalidade de secularização e reafirmar os valores fundamentais da vida consagrada: fazendo dos religiosos e das religiosas aquilo que deveriam ser, ou seja, uma força de renovação da Igreja. Nesses meus esforços apoiei-me nas forças sadias das Congregações tradicionais – porque essas forças existem – bem como nas novas correntes espirituais que se manifestam na Igreja."

P. Essas novas experiências podem ser consideradas um recurso para a Igreja atual, como os grandes carismas o foram para a Igreja no passado?

Cardeal Franc Rodé:- "Efetivamente, surgem novas comunidades religiosas contra o espírito de secularismo. Surgem na França, na Espanha, na Itália, no Brasil, no Peru e nos EUA. Essas comunidades dão grande importância à oração e à vida fraterna vivida em comunidade; insistem na pobreza e na obediência: são todas elas novas comunidades que convidam o homem a seu destino transcendente e constituem uma força de renovação da qual a Igreja tanto precisa." (RL)







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