Campanha, 16 fev (RV) - O aplicativo Confession foi desenvolvido pela empresa
Little iApps e recebeu há poucos dias o Imprimatur das mãos de Dom Rhodes, bispo de
Fort Wayne-Southbend (Estados Unidos). Bastou a informação divulgada que vários órgãos
de imprensa começaram a deturpar o que se concedeu dizendo que agora é possível se
confessar pelo iPhone.
Em vista disso é necessário que todos nós possamos
fazer uma oportuna reflexão: O aplicativo Confession para iPhone e outras novas tecnologias
similares podem ajudar a fazer o exame de consciência preparatório à Confissão, mas
nunca poderão substituir o diálogo pessoal entre o penitente e o sacerdote. O
que é a confissão? O Código de Direito Canônico ensina que: “No sacramento da penitência,
os fiéis que confessam os seus pecados ao ministro legítimo, arrependidos e com o
propósito de se emendarem, alcançam de Deus, mediante a absolvição dada pelo ministro,
o perdão dos pecados cometidos após o batismo, e ao mesmo tempo se reconciliam com
a Igreja, à qual ofenderam pelo pecado”(cf. c. 959). Portanto a confissão é um
sinal externo, como sacramento que é, em que o fiel pecador se aproxima do presbítero
e do bispo e pede a graça da absolvição de todos e de cada um de seus pecados. Para
que isso aconteça é necessário que o fiel tenha: 1. Consciência de que é pecador
e que precisa da reconciliação com Deus; 2. Que faça um exame de consciência preciso
e uma análise de todos e de cada um de seus pecados; 3. Que tenha a vontade de
se arrepender de seus pecados e não mais pecar; 4. Que esteja disposto a cumprir
a penitência que lhe for imposta pelo confessor. A penitência consiste sempre em alguma
obra de religião, piedade ou caridade, a ser realizada por quem pecou (cf. c. 1340).
Muitos
poderiam dizer que a confissão é difícil porque tem dificuldade de se confessar com
o padre que trabalha em sua paróquia porque é seu amigo ou conhecido. Devemos lembrar
o que diz a lei da Igreja: “Todo fiel é livre de se confessar ao confessor legitimamente
aprovado, que preferir, mesmo de outro rito”(c. 991). Para a validade do sacramento
da penitência é essencial compreender bem que o sacramento da Penitência requer necessariamente
a relação de diálogo pessoal entre penitente e confessor, assim como a absolvição
por parte do confessor presente. Este contacto pessoal, este diálogo entre o penitente
e o confessor não pode ser substituído por nenhum aplicativo informático. Portanto,
não se pode falar de “Confissão pelo iPhone’”. Numa sociedade globalizada e informatizada
como a hodierna em que muitos fiéis utilizam suportes informáticos para ler e refletir
(e inclusive textos para rezar), não se pode excluir que uma pessoa faça sua reflexão
de preparação à Confissão tomando a ajuda de instrumentos digitais. Isso de forma
parecida ao que se faz em muitas regiões, com textos e perguntas escritas em papel,
que ajudam os fiéis a examinar a consciência Para os fiéis católicos deve ficar
claro que nada substitui a confissão auricular, no contato próximo entre o penitente
e o seu confessor, padre ou bispo. Louvamos a iniciativa da Little iApps, que deixa
claro que o aplicativo está pensado para ajudar na preparação à Confissão, oferecendo
roteiro de exame de consciência, guia passo a passo do sacramento, ato de contrição
e outras orações. Lembremos que, na confissão, o padre ou o bispo tem o ministério
de médico e de juiz e que deve guardar o sigilo sacramental da confissão que é inviolável,
por isso, não é possível nenhuma confissão que seja pessoal e irretratável. Que Deus
nos ajude a um amor profundo pela confissão e pela busca sempre da amizade com Deus
e com a Igreja. Que nossas paróquias tenham dias e horários estabelecidos para
o atendimento de confissões individuais de nossos fiéis que querem o reencontro com
Deus!
Padre Wagner Augusto Portugal Vigário Judicial da Diocese da Campanha.