Paris, 12 fev (RV) - O presidente francês, Nicolas Sarkozy, é o mais recente
líder europeu a declarar a falência da política multicultural de integração de comunidades
estrangeiras, defendendo a adoção dos valores da nação de acolhimento por parte das
minorias.
"Claramente, o multiculturalismo faliu" – disse o chefe de Estado
francês, nesta quinta-feira, em entrevista ao canal de televisão TF1.
"Temos
que respeitar as diferenças, mas não queremos uma sociedade onde as comunidades vivam
lado a lado. Se alguém vem viver na França, deve ser integrado numa única comunidade
que é a comunidade nacional. E se não aceitar isso, então não será bem-vindo" – afirmou
o presidente francês, ele próprio filho de um imigrante húngaro.
"Preocupamo-nos
demasiado tempo com a identidade da pessoa que estávamos acolhendo, e muito pouco
com a identidade do país de acolhimento" – argumentou.
Sarkozy fez tais declarações
dias depois de o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ter afirmado o mesmo,
na Alemanha, país onde, no verão passado, a chancelar Angela Merkel anunciou a "morte
do multiculturalismo".
Direta ou indiretamente, Cameron, Merkel e Sarkozy referem-se,
sobretudo, à integração de imigrantes muçulmanos nas respectivas nações europeias.
No último fim de semana, o premier britânico afirmou que a política multicultural
era responsável pela exclusão, radicalização e até mesmo pela adesão a fenômenos terroristas,
por parte de "jovens desenraizados" da minoria islâmica.
"Sob a doutrina do
multiculturalismo de Estado, fomos obrigados a viver vidas separadas lado a lado"
– disse Cameron, defendendo a promoção dos direitos humanos e dos princípios liberais.
(AF)