Cidade do Vaticano, 10 fev (RV) - Com o grupo de bispos filipinos recebidos
na última terça-feira pelo Papa, no Vaticano, volta à tona a situação da Igreja nas
Filipinas. Os bispos que realizam a sua visita Ad Limina até o próximo dia 19 de fevereiro
fazem parte do segundo grupo da Conferência Episcopal daquele país asiático depois
que um primeiro grupo foi recebido pelo Papa Bento XVI no final do ano passado; o
terceiro e último grupo será recebido ainda neste mês. A visita coincide com um importante
momento da vida daquela nação: a aprovação no Parlamento do projeto de lei sobre a
saúde reprodutiva, fortemente contestado pela Igreja local.
Uma longa batalha
entre duas visões opostas e irreconciliáveis está prestes a chegar ao seu ato final.
De um lado, os defensores do projeto de lei sobre a saúde reprodutiva, e do outro
a Igreja das Filipinas, que o rejeita sem apelação. O reflexo desse confronto que
dura anos chegou agora ao Vaticano junto com a preocupação dos bispos filipinos que,
nas últimas semanas e nos últimos dias, assumiram posições claras sobre a questão,
chegando à perspectiva da realização de uma campanha de “desobediência civil” se a
lei for aprovada. Lei que, em síntese promove um programa de planejamento familiar,
que convida os casais a não terem mais de dois filhos, sanciona o pessoal médico contrário
ao aborto e favorece a esterilização voluntária.
Por seu vez, a Igreja Católica
e as associações apóiam o “Programa Familiar Natural” (PFN), que visa difundir entre
a população uma cultura de responsabilidade com base nos valores cristãos. O Arcebispo
de Tandag e Presidente da Conferência Episcopal filipina, Dom Nereo Odchimar, explicou
à Rádio Vaticano como a Igreja está se movendo para fortalecer a sua proposta no campo
político e social.
“Em seu trabalho de advocacia neste, como em outros assuntos,
os bispos estão trabalhando para abrir um diálogo com o governo e fazer ouvir a sua
voz também na televisão”, disse o bispo. “Com essa finalidade, decidimos recorrer
ao parecer de leigos competentes e comprometidos com essa questão, porque há áreas
em que os bispos não têm as competências necessárias para falar: como a demografia,
a economia, a medicina, em particularmente quando se fala de fármacos abortivos. (...).
Existem poderosos lobbies econômicos que pressionam o Congresso para a aprovação da
Lei de saúde reprodutiva RH Bill, por isso demos início a uma vasta campanha de informação”,
finalizou Dom Nereo Odchimar. (SP)