São Pedro Canísio, modelo de pregador e testemunha cristã, sem tons polémicos : tema
da catequese do Papa na audiência geral
O anúncio cristão, e o ministério dos padres e fiéis, “é incisivo e produz nos corações
frutos de salvação, só se o pregador for testemunha pessoal de Jesus e souber ser
instrumento de vida moral, através da oração incessante e do amor; isto vale para
qualquer cristão que queira viver com empenho e fidelidade a sua adesão a Cristo”.
Considerações de Bento XVI, na audiência geral desta quarta-feira, dedicada a São
Pedro Canísio (1521-1597), “doutor da Igreja”, jesuíta holandês que actuou sobretudo
na Alemanha, nos tempos da Reforma protestante. “A vida cristã não cresce – sublinhou
o Papa – se não for alimentada pela participação na liturgia e pela oração pessoal
quotidiana, pelo contacto pessoal com Deus: no meio das mil actividades e dos múltiplos
estímulos do dia a dia, é necessário encontrar cada dia momentos de recolhimento perante
o Senhor, para O escutar e falar com Ele” – recomendou. Bento XVI explicou as
características de pregador de São Pedro Canísio, cujos catecismos formaram gerações
e gerações de católicos, ao longo de séculos. “Em tempos de fortes contrastes confessionais
(observou), ele evitava asperezas e a retórica da ira”, expondo a doutrina o mais
possível numa linguagem bíblica e sem tons polémicos. Revelando um amplo e penetrante
conhecimento da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja, as obras de São Pedro Canísio,
de uma austera espiritualidade, visavam propor simplesmente os conteúdos da fé católica,
revitalizando a fé da Igreja.
Mas ouçamos o resumo que desta catequese Bento
XVI pronunciou em português e a saudação dirigida aos peregrinos lusófonos:
“Queridos
irmãos e irmãs, São Pedro Canísio, sacerdote jesuíta e doutor da Igreja, nasceu
em Nimega, na Holanda, no ano 1521. Interveio em acontecimentos decisivos do seu tempo,
como o Concílio de Trento, e exerceu uma influência especial com os seus escritos.
A sua obra mais difundida é o Catecismo, onde aparece a doutrina exposta sob a forma
de breves perguntas e respostas, elaboradas em termos bíblicos e sem tons polémicos.
E dele preparou três versões: uma para pessoas com elementares noções de teologia;
outra para crianças sem escolaridade; e a terceira para estudantes liceais ou universitários.
Nisto se revela uma das características de Pedro Canísio: sabia harmonizar a fidelidade
aos princípios dogmáticos com o respeito devido a cada pessoa.
“Amados peregrinos
de língua portuguesa, para todos a minha saudação amiga e encorajadora! Antes de vós,
veio peregrino a Roma Pedro Canísio para invocar a intercessão dos Apóstolos São Pedro
e São Paulo sobre a missão que lhe fora confiada na Alemanha, o seu campo de apostolado
mais longo. No seu diário, descreve como aqui sentiu a graça divina que fazia dele
um continuador da missão dos Apóstolos. Como ele, todos nós, cristãos, somos enviados
a evangelizar, mas para isso precisamos de permanecer unidos com Jesus e com a Igreja.
Sobre vós e a vossa família, desça a minha Bênção.”
No final da audiência,
após as variadas saudações aos mais de cinco mil peregrinos presentes na Aula Paulo
VI, do Vaticano, Bento XVI dirigiu-se particularmente os bispos participantes no encontro
promovido pelo Movimento dos Focolares: congratulando-se com “esta oportunidade” de
“confrontarem experiências eclesiais de diversas zonas do mundo”, o Papa fez votos
de que “estas jornadas de oração e reflexão possam produzir abundantes frutos” para
as respectivas comunidades. Bento XVI saudou também os membros da Associação
“Novos Horizontes”, recentemente reconhecida pelo Pontifício Conselho para os Leigos
como associação internacional de fiéis.