2011-02-08 18:25:27

IGREJA FRANCESA CONDENA NASCIMENTO DO "BEBÊ-MEDICAMENTO"


Paris, 09 fev (RV) – "Esta criança é um instrumento para tentar salvar outra… Vamos nos transformar em instrumentos?": assim o cardeal-arcebispo de Paris, França, André Vingt-Trois, questiona o nascimento, no país, do primeiro "bebê-medicamento" que poderá salvar a vida de um de seus irmãos que sofrem de uma grave doença de sangue hereditária (a beta-talassemia). O caso gerou forte polêmica na França.

"Sou totalmente contra isso, contra a instrumentalização de um ser humano em benefício de outro" – disse o Cardeal Vingt-Trois, presidente da Conferência Episcopal Francesa.

O "bebê-medicamento" – chamado pelos médicos de "bebê da dupla esperança" – nasceu no dia 26 de janeiro passado, num hospital da região de Paris. Ele é resultado de uma fecundação in vitro, e foi implantado no útero materno somente após uma prévia seleção entre todos os embriões, para estabelecer qual deles respondia aos critérios necessários para que ele pudesse ser "um medicamento" para um dos irmãos portadores dessa doença.

A notícia do nascimento da criança foi divulgada nesta segunda-feira. Os médicos explicaram que o "bebê-medicamento" é imune à beta-talassemia, a doença de sangue de que sofrem os irmãos, tendo uma compatibilidade de tecidos que permitirá um transplante de sangue do cordão umbilical e salvar pelo menos um deles.

"A Igreja deve refletir antes de condenar, porque damos, assim, dignidade e felicidade a uma família que vai ter agora um novo filho saudável; ele nasceu em perfeita saúde e oferece a possibilidade de salvar outro filho" – disse o professor René Frydman, um dos especialistas que dirigiu o processo de nascimento autorizado pela lei francesa desde 2004.

Os pais do "bebê-medicamento" – de origem turca – deram-lhe o nome de Umut-Talha (que significa nossa esperança) e vivem com a criança, em sua residência, no sul da França.

Trata-se do primeiro nascimento de um "bebê-medicamento" na França, depois dos primeiros casos verificados, há cerca de 10 anos, nos Estados Unidos, e de três mais recentes – dois na Bélgica, em 2005; e outro na Espanha, em 2008. (AF)







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