2011-02-07 18:28:30

As actuais implicações e dificuldades do estudo e da educação recordadas pelo Papa dirigindo-se à Plenária da Congregação para a Educação Católica


(7/2/2011) Promover a unidade do saber, em abertura à totalidade do real e sem excluir Deus e a luz que d’Ele vem, faz parte daquele “acto de amor”, exercício da “caridade intelectual” que é a educação: sublinhou Bento XVI recebendo nesta segunda-feira, os participantes na assembleia plenária da Congregação para a Educação Católica, que hoje teve início no Vaticano e se prolonga até quarta-feira.

O Papa começou por reconhecer a dificuldade que revela hoje em dia a acção educativa em razão de “uma cultura (disse) que demasiadas vezes faz do relativismo o próprio credo”. Acaba, assim, por faltar a luz da verdade, mais ainda, “considera-se perigoso falar de verdade, instilando assim a dúvida sobre os valores de base da existência pessoal e comunitária”.
Daqui a importância do serviço prestado no mundo pelas numerosas instituições formativas que se inspiram na visão cristã do homem e da realidade. “Educar é um acto de amor, exercício da caridade intelectual, que exige responsabilidade, dedicação, coerência de vida”.

Referindo o Seminário como uma das instituições educativas de que se ocupa este dicastério criado em 1915 pelo seu antecessor Bento XV, o Papa sublinhou a importância do mesmo para a vida da Igreja:

“Várias vezes tenho sublinhado que o Seminário é uma preciosa etapa da vida, em que o candidato ao sacerdócio faz a experiencia de ser um discípulo de Jesus. Para este tempo destinado à formação exige-se um certo desprendimento, um certo deserto, porque o Senhor fala ao coração com uma voz que se sente se houver silêncio”.

Bento XVI recordou também a importância, no seminarista, da “disponibilidade a viver em conjunto, a amar a vida de família e a dimensão comunitária que antecipam aquela fraternidade sacramental que deve caracterizar cada presbitério diocesano.

A propósito do documento “Internet e a formação nos seminários”, de que se ocupa, entre outras coisas, esta assembleia plenária, o Santo Padre reconheceu expressamente a importância deste meio de comunicação:

“Internet, pela sua capacidade de superar as distâncias e de pôr em contacto recíproco as pessoas, apresenta grandes possibilidades também para a Igreja e a sua missão. Com o necessário discernimento para um seu uso inteligente e prudente, é um instrumento que pode servir não só para os estudos, mas também para a acção pastoral dos futuros presbíteros nos vários campos eclesiais, como a evangelização, a acção missionária, a catequese, os projectos educativos, a gestão das instituições”.
Referindo a revisão que a Congregação para a Educação Católica tem vindo a actuar relativamente à Constituição Apostólica “Sapientia Christiana”, sobre os estudos eclesiásticos, até agora no que diz respeito ao Direito Canónico e à Filosofia, Bento XVI fez notar a necessidade de que idêntico esforço de actualização se realize no que diz respeito aos estudos teológicos:

“É importante tornar cada vez mais sólida a ligação entre a teologia e o estudo da Sagrada Escritura, de modo que esta seja realmente a sua alma e coração. Mas o teólogo não deve esquecer que é também aquele que fala a Deus. Indispensável, portanto, manter estreitamente unidas a teologia com a oração pessoal e comunitária, especialmente litúrgica”.

De facto – explicou o Papa Ratzinger – “a teologia é a scientia fidei (ciência da fé) e a oração alimenta a fé. Na união com Deus, saboreia-se de certo modo o mistério, este torna-se próximo, e esta proximidade é luz para a inteligência”.

“O beato John Henry Newman falava de círculo do saber (circle of knowledge), para indicar que existe uma interdependência entre os vários ramos do saber; mas Deus, e só Ele, tem relação com a totalidade do real. De consequência, eliminar Deus significa romper o círculo do saber. Nesta perspectiva as Universidades católicas, com a sua identidade bem precisa e a sua abertura à ‘totalidade’ do ser humano, podem desempenhar uma preciosa actividade para promover a unidade do saber, orientando estudantes e professores à Luz do mundo, a “verdadeira luz que ilumina cada homem”.








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