REFLEXÃO DESTE DOMINGO: "NÃO EXISTE CULTO A DEUS SEPARADO DA JUSTIÇA SOCIAL"
Cidade do Vaticano, 06 fev (RV) - “Reparte o pão com o faminto, acolhe em
casa os pobres e peregrinos. Quando encontrardes um nu, cobre-o, e não desprezes a
tua carne. Então, brilhará tua luz como a aurora e tua saúde há de recuperar-se mais
depressa; à frente caminhará tua justiça e a glória do Senhor te seguirá.”
Compreendemos
desse texto do Profeta Isaías que o jejum é solidariedade com os famintos, é partilhar
o próprio pão e o próprrio teto. Não existe culto a Deus separado da justiça social.
Experimentamos Deus a partir dos sofrimentos humanos. Deus não nos pede que provoquemos
dor e desconforto em nosso corpo. Ele nos pede misericórdia, compaixão com aquele
que sofre, solidariedade, partilha de dons. A privação que Deus nos pede não é um
gesto de ascese, de autodisciplina, mas de acolhida do outro na situação em que se
encontra, é compaixão. O crescimento espiritual não pode ser voltado para si mesmo,
seria estéril, mas quando me privo para ir em socorro do outro, por causa do outro,
por causa de Deus e não de mim mesmo, aí cresço. Não podemos confundir o jejum cristão,
os exercícios de abnegação com mera privação em que eu saio melhor porque dominei
meu corpo, dominei meus desejos. Para isso não precisamos amar o próximo e nem a Deus.
O atleta, a pessoa que cultiva sua elegância física, o e a modêlo também se
privam de alimentos, fazem bastantes exercícios físicos, vão passar fome em um spa
não por amor ao próximo ou a Deus, mas por beleza, por saúde, por vaidade. O dinheiro
economizado com esse jejum, se é que economizou e não gastou mais ainda, certamente
não será dado aos pobres, mas gasto em produtos que realcem o sacrifício realizado:
a beleza física! Do mesmo modo, certos caminhos espirituais que propõem uma vida ascética,
difícil até, mas com o único objetivo de crescimento e auto domínio, se tornam estéreis
- dentro de uma visão judaico-cristã - porque se esquecem da verdadeira dimensão espiritual
que direciona o culto religioso a Deus concretizando-se no serviço ao próximo. Segundo
Isaías, a partilha é a transfiguração da pessoa, quando ele diz: “Então, brilhará
tua luz como a aurora”!
No Evangelho Jesus diz que os seus discípulos são sal
da terra e luz do mundo. Como entender isso?
No passado, como por exemplo no
livro dos Números 18,19 está escrito “aliança de sal”, uma aliança que se pereniza.
Ora, o Senhor ao falar que somos “sal da terra” quer nos dizer que somos aqueles em
que Ele confia para perenizar entre os homens o seu amor, sua aliança, para construir
o Reino de Justiça. E o sal não perde o sabor, nos alerta o Mestre, nos dizendo da
necessidade de nos mantermos fiéis à nossa missão, caso contrário, se perdermos o
sabor, seremos jogados por terra para sermos pisados, desprezados, pois perdemos nossa
sublime missão. A luz brilha e Jesus nos chamou de luz do mundo. Deveremos brilhar
no mundo, iluminá-lo para levá-lo ao Senhor. “A luz de vocês brilhe diante das pessoas,
para que elas vejam as boas obras que vocês fazem, e louvem o Pai que está no céu”.
Concluindo
a mensagem deste domingo poderemos levar a seguinte mensagem: Meu relacionamento com
Deus me leva a abrir meu coração e meus bens aos pobres e ser misericordioso. Com
essa atitude estarei colaborando com o Senhor na construção do Reino de Justiça. Estarei
sendo sal, conservando sua aliança de Amor com o ser humano e também estarei sendo
farol, luz para aqueles que são de boa vontade e desejam chegar até Deus. (CAS)