2011-02-04 12:56:58

"DILMA E A BUSCA DO EQUILÍBRIO"


Cidade do Vaticano, 05 fev (RV) - Há um mês da posse de Dilma Roussef no Brasil, o jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano” dedicou esta semana um editorial na primeira página aos desafios que nossa presidente terá pela frente em seu caminho. O título da matéria é “Dilma e a busca do equilíbrio” e é assinada por Giuseppe Fiorentino.

Recordando o legado do governo Lula, o artigo ressalta sua extraordinária popularidade: 87% depois de dois mandatos - o que é muito raro. Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu bater um recorde que de certa maneira vai condicionar a ação do governo de Dilma.

Sair da trilha aberta por Lula em 8 anos de sucessos pode ser uma inversão de tendência com um risco alto demais para a nova inquilina do Palácio do Planalto. Nestes anos, o Brasil se afirmou como potência econômica emergente e milhões de brasileiros saíram da miséria graças às novas políticas sociais. É fácil entender porque o Governo Rousseff deve seguir a linha da continuidade, e porque Guido Mantega foi confirmado como ministro da Economia. Mas alguma coisa pode mudar...

É verdade que o salário mínimo é hoje de 540 reais - cerca de 220 euros -, mas por outro lado o custo de vida tem aumento bastante. O feijão dobrou de preço e a carne aumentou 20%. O poder aquisitivo real está caindo. Analistas financeiros dizem que os preços aumentam porque o dólar aumenta, a inflação sobe e as exportações sofrem.

Para o “Osservatore”, à parte suas causas, o problema é que o povo sente o aumento dos preços e o Governo deverá levar em conta esta percepção.

No futuro, Dilma não se pode esquecer da dívida pública, o fardel deixado pelos programas estatais de desenvolvimento social e infra-estrutural.. Fome Zero, Bolsa família, Minha casa minha vida, garantiram a milhões de brasileiros segurança alimentar, acesso ao ensino primário e o direito à casa; fizeram a popularidade de Lula decolar, mas pesaram no orçamento.

E o mesmo vale para o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – que foi um dos alicerces do velho Governo, além de fundamental na campanha e eleição de Dilma Rousseff.
O jornal do Vaticano explica aos leitores que o PAC prevê a realização de obras estruturais para impulsionar o desenvolvimento econômico. Alguns analistas alegam que mais importante seria reequilibrar a relação entre dívida pública e ação do Estado; outros, como a Ministra do Planejamento, Miriam Belchior, adiantam que os cortes no orçamento não vão afetar as ações do PAC.

Mas se os programas de desenvolvimento social e infra-estrutural absorverem mais recursos, aonde o Governo Rousseff vai economizar?

O novo Governo se encontra na situação de cortar as despesas para reduzir o déficit entre dívida pública e PIL, mas sem sacrificar a ação social e os projetos, com o objetivo de favorecer um crescimento econômico estável sem dissipar o grande consenso herdado de Lula. Este é o esforço de equilíbrio que vai ocupar a nossa presidente nos próximos anos.

Para ouvir a sonora do artigo, clique aqui: RealAudioMP3
(CM)









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