IGREJA NO SRI LANKA EXIGE A VERDADE SOBRE AS VIOLAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS NO PAÍS
Kotte, 03 fev (RV) - O governo do Sri Lanka “deve demonstrar publicamente o
empenho pela verdade sobre os eventos registrados durante decênios de conflito civil
- esse empenho é premissa indispensável a cada esforço de reconciliação”. Assim lê-se
em uma nota da diocese de Mannar, enviada à Comissão sobre a Reconciliação instituída
pelo governo do Presidente Rajapaksa, e cujo nome é Lessons Learnt Reconciliation
Commission”.
O documento, assinado pelo bispo de Mannar, Dom Joseph Rayappu,
mostra a urgência de não “encobrir a verdade sobre as violações dos direitos humanos
e humanitários”, solicitando que seja esclarecido o destino que tiveram mais de 146
mil cidadãos da área de Vanni, sobre os quais não se tem mais notícias desde o fim
da guerra.
Reconhecendo a importância da obra para a reconciliação nacional,
os representantes locais da Igreja “desaprovam a anterior Comissão de Investigação,
que falhou em não trazer à tona a verdade sobre as violações dos Direitos Humanos
e sobre as execuções extrajudiciais”. Como exemplo, o texto traz o caso dos ataques
à igreja católica de Pesalai (na diocese de Mannar), onde estava refugiados muitos
civis, além do desaparecimento do Pe. Jim Brown – ambos os episódios datam de 2006.
O documento critica o fato de que a Comissão ficou em Mannar apenas três dias
para investigar mais de 30 anos conflito. Depois de 20 meses do fim da guerra, ainda
há desabrigados, que estão vivendo à própria sorte, sem acesso à meios de subsistência,
à água potável e aos serviços básicos de saúde e educação. Organizações Internacionais
não governamentais criticaram a Comissão, quando da sua instituição, devido à falta
de independência e credibilidade da mesma.
A guerra civil do Sri Lanka durou
quase 30 anos, tendo terminado em 2009. Em 23 de julho de 1983, teve início uma guerra
civil não contínua, envolvendo principalmente o governo do Sri Lanka e os chamados
"Tigres da Libertação do Tâmil Eelam" (TLLE), conhecidos como "Tigres do Tâmil". Tratava-se
de uma organização armada separatista que lutava pela criação de um Estado independente,
que seria chamado de Tamil Eelam, localizado ao norte e ao leste da ilha.
Os
números oficiais falam em mais de 70.000 mortes. O conflito também causou grandes
adversidades à população, ao meio ambiente e à economia do país.
As táticas
usadas pelos Tigres do Tâmil levaram a organização a ser classificada como terrorista
pelos Estados Unidos, Brasil, Austrália, União Europeia e Canadá. (ED)