REFUGIADOS POLÍTICOS SOMALIS RECEBEM VISITA DE PREMIÊ DO PAÍS
Cidade do Vaticano, 29 jan (RV) – Roma tem uma comunidade de 150 refugiados
políticos provenientes da Somalia, que vivem esquecidos, em condições de extrema precariedade,
sem água, luz ou gás, em meio ao lixo e aos roedores que rodam o centro da capital
italiana. Passou-se a falar nessa questão depois que essas pessoas receberam uma visita
surpresa do premier do governo transitório da Somália em viagem oficial à Itália.
A integrante da associação “Migrare”, Shukri Said, em entrevista à Rádio Vaticano,
contou sobre essa visita, que ela mesma presenciou, e sobre a situação desses refugiados.
Segundo ela, o primeiro-ministro, ao ver as condições em que vivem essas pessoas,
ficou profundamente perturbado, incrédulo, “não conseguia entender como era possível
viver em uma condição tão degradante”. Para os refugiados, foi uma surpresa, “tiveram
esperança – disse ela – de que a presença do premier na Itália pudesse apressar o
processo de modificação das suas condições”.
Essas pessoas têm status de refugiados
políticos, não estão vivendo clandestinamente, na ilegalidade, mas são completamente
negligenciados pelo governo italiano e pelo seu próprio. Questionada sobre essa situação,
que poderia ser paradoxal, ou seja, ter um primeiro-ministro visitando refugiados
do seu país, Shukri Said explicou que eles não estão fugindo do governo por serem
perseguidos por este, mas sim de um país devastado pela guerra civil, sujeito aos
tribunais islâmicos, ao comando do Al-Shabab (grupo de jovens islâmicos somalis que
detém o poder de grande parte do país), o qual, segundo ela, está relacionado com
a Al-Qaeda. Conforme afirmou, “é a Al-Qaeda que faz proselitismo criminal na Somália,
e quem não está com eles é perseguido e eliminado”.
Algumas semanas atrás,
em uma coletiva de imprensa realizada no próprio edifício onde estão vivendo esses
refugiados, foi cobrada uma atitude dos parlamentares, no sentido de dar melhores
condições de vida a essas pessoas. Até agora, segundo Shukri, nada foi feito. “A Itália
concedeu a eles o status de refugiados políticos – disse ela -, adotou-os como filhos,
e depois jogou-os na rua. A Itália deve cumprir com as próprias responsabilidades”.
(ED)