Uberaba, 26 jan (RV) - Tendo contactos periódicos com acadêmicos de várias
Faculdades, descobri que, além dos bons Professores, existem nas escolas superiores
aqueles que praticam um apostolado ao inverso. São evangelizadores ao contrário. Procuram
extinguir a fé, sob a alegação de espírito aberto. Dando uma de modernos, exigem
que os alunos façam resumos de livros de escritores decididamente ateus, como Crick,
Hawkings, Marx, Freud. São apóstolos do ateísmo. Jamais vi esses mestres da dúvida,
mandarem ler “A linguagem de Deus” de Francis Collins, ou “A fé e a razão” de João
Paulo II, ou “Jesus de Nazaré” de Joseph Ratzinger. Quando os alunos são forçados
a ler a cartilha agnóstica, podem não concordar com seus ditos. Como não há quem
lhes explique a verdade, sobra no seu espírito uma ponta de dúvida que, muitas vezes,
se traduz em esfriamento da fé. Concordo que os próceres da vida sem Deus, tenham
a liberdade de existir, e continuem fazendo o esforço árduo de provar que o Criador
não existe.
Entre eles, especialmente os mais abertos – eles existem – apareceram
algumas dúvidas. As grandes profecias do ateísmo, sombrias, falharam. Feuerbach previu
a “morte da religião”. Os dez milhões de romeiros, que freqüentam Aparecida anualmente,
o desmentem. Freud, Marx e Nietzche, com absoluta certeza prognosticaram a “substituição
da religião” e a “morte de Deus”. Os milhões e milhões de jovens nas Jornadas Mundiais
que se reúnem nos encontros internacionais, nem tomam conhecimento da profecia. As
tragédias do século XX, sim, fizeram morrer o socialismo ateu. Este parecia ter fôlego
de gato, mas estertorou em asfixia mortal. Na Rússia houve uma inversão do “ópio do
povo” atribuído à religião. Agora é o marxismo que é acusado de ser droga para enganar
o povo. O “Catecismo da Igreja Católica”, vendeu vários milhões de exemplares, num
mundo que se dizia farto de religião. E pode-se crer na presunção dos arautos da vitória
da “ciência”, que vaticinaram a regressão irreversível da fé, diante dos funerais
do Papa João Paulo II? Nunca mais multidões se reunirão em tão grande número. “O profeta
que fala com presunção, não o temais” (Dt 18, 22). Todos recomendam aos ateus profetas,
mais cautela. Agora, se quiserem dialogar, estamos abertos.
Dom Aloísio Roque
Oppermann scj - Arcebispo de Uberaba, MG Endereço eletrônico: domroqueopp@terra.com.br