PAPA A LUTERANOS: OLHAR PARA FUTURO COM ESPERANÇA, MESMO SE META DA UNIDADE PARECE
MAIS DISTANTE
Cidade do Vaticano, 24 jan, (RV) - "Todo o nosso esforço em favor da unidade
poderá produzir frutos somente se tiver suas raízes na oração comum": foi o que disse
o Papa à Delegação da Igreja Evangélica Luterana Alemã, recebida em audiência no final
da manhã desta segunda-feira, no Vaticano, na vigília da conclusão da Semana de Oração
pela Unidade dos Cristãos.
"Embora a meta da unidade plena e visível dos cristãos
pareça ter novamente se tornado mais distante", "olhamos para o futuro com esperança"
– afirmou Bento XVI.
"Mais de 50 anos de trabalho intenso": apesar de permanecerem
"diferenças teológicas sobre questões em parte fundamentais", o diálogo entre luteranos
e católicos construiu a base de uma comunhão vivida "na fé e na espiritualidade" –
ressaltou o Santo Padre.
"O compromisso da Igreja Católica em relação ao ecumenismo
não é somente uma estratégia da comunicação num mundo que está se transformando, mas
uma obrigação fundamental da Igreja, a partir da sua missão" – reiterou o Pontífice.
Embora
abraçando a preocupação de tantos cristãos pelos frutos do diálogo ainda não "acolhido
totalmente por parceiros ecumênicos", sobretudo em relação à compreensão da Igreja
e do Ministério, o Santo Padre disse olhar "para o futuro com esperança".
Esperança,
sobretudo, no "diálogo teológico" em favor do entendimento sobre questões abertas
"que representam um obstáculo para o caminho da unidade visível e da celebração comum
da Eucaristia como sacramento da unidade entre os cristãos".
Esperança no diálogo
internacional luterano-católico sobre o tema "O Batismo e a crescente comunhão eclesial"
e sobre o tema "Deus e a dignidade do homem", retomados em 2009 pela Comissão bilateral
entre a Conferência Episcopal Alemã e a Igreja Unida Evangélica Luterana da Alemanha.
Uma
temática onde registram também problemas surgidos recentemente sobre a tutela e dignidade
da vida humana, bem como "questões urgentes em mérito a família, matrimônios e sexualidade,
que não podem ser silenciadas ou ignoradas somente para não colocar em perigo o atual
consenso ecumênico" – ressaltou Bento XVI.
Seria deplorável se desses aspectos
que dizem respeito à vida do homem, nascessem novas divergências confessionais. –
acrescentou. Hoje o diálogo ecumênico não mais pode ser separado da realidade e da
vida na fé em nossas Igrejas, sem provocar dano a elas mesmas – prosseguiu o Santo
Padre.
Por fim, o pensamento do Papa dirigiu-se ao próximo histórico aniversário
de 2017, que marcará os 500 anos da publicação das Teses de Martinho Lutero sobre
a indulgência.
Será ocasião para luteranos e católicos "celebrarem no mundo
inteiro uma memória ecumênica comum" – auspiciou Bento XVI – "de lutarem pelas questões
fundamentais, não de modo triunfalista", mas, sobretudo, como profissão de fé no Deus
trinitário, como ressaltou em seu discurso de saudação ao Papa, o chefe da delegação
luterana alemã, Dr. Johannes Friederich. (RL)