Cidade do Vaticano, 22 jan (RV) - A Igreja, no hemisfério norte, celebra nestes
dias, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. No Hemisfério Sul, onde o mês
de janeiro é um período de férias de verão, preferiu-se adotar outra data. No Brasil,
por exemplo, as celebrações começam na semana após a Festa da Ascensão do Senhor e
vão até o Domingo de Pentecostes. O tema deste ano de 2011 é inspirado no livro dos
Atos dos Apóstolos "Unidos no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na
fração do pão e nas orações" (At 2, 42).
Esta semana de oração é organizada
pelo Conselho Mundial de Igrejas, em parceria com o Pontifício Conselho para Promoção
da Unidade dos Cristãos, que produzem o texto-base da Semana. O enfoque da Semana
de Oração 2011 é, além de promover a unidade entre irmãos de fé, mostrar que a fé
cristã possui centros comuns como, por exemplo, os Apóstolos, que foram responsáveis
por compilar os ensinamentos de Jesus Cristo. Sem dúvida, essas Semanas de Oração
são sempre um grande marco na busca pelo diálogo. O tema deste ano convida os cristãos
a retornarem aos fundamentos da fé cristã e recorda a Igreja primitiva de Jerusalém,
quando ela ainda era indivisa. Por isso sublinha a transmissão da Palavra pelos apóstolos,
a comunhão fraterna vivida pela primeira comunidade, a celebração da Eucaristia realizada
pela Igreja primitiva, e por último, a oferta de uma oração contínua. Quatro elementos
que são os blocos construtores da vida da Igreja e de sua unidade.
Em Roma,
o Papa Bento XVI vai presidir na tarde da próxima terça-feira, dia 25, a celebração
que marca a conclusão da Semana de Oração, na Basílica de São Paulo fora dos Muros.
A cerimônia se realiza na véspera da Solenidade Litúrgica da Conversão de São Paulo,
quando estarão presentes representantes de outras igrejas e comunidades eclesiais
de Roma.
Este ano, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos dedica também
particular atenção aos fiéis que são vítimas de perseguições e discriminações. Falando
esta semana à Rádio Vaticano o Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da
Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, afirmou que o mundo ocidental deve tomar
consciência da moderna perseguição contra os cristãos. “Para muitos na Europa as perseguições
anticristãs fazem parte da história da Igreja, porque todos ouviram falar disso. Mas
o fato de que hoje os cristãos representem o grupo religioso mais perseguido, isso,
infelizmente, ainda não entrou na consciência coletiva”, lamentou o Cardeal.
Nesta
Semana de Oração pela unidade dos Cristãos esse fato se torna visível porque se reza
pelos cristãos perseguidos, ao mesmo tempo em que se denunciam abertamente todos os
casos de martírio. Chama atenção ainda a “cristianofobia” que se encontra em constante
aumento no Oeste europeu. O Cardeal Kurt Koch afirmou ainda que “temos a consciência
vigilante no que tange ao antissemitismo que está renascendo e em relação à islamofobia
que tem se difundido, mas permanecemos cegos diante da cristianofobia também presente
em nosso meio”.
Voltando ao objetivo central da Semana de Oração pela Unidade
dos Cristãos. Não é difícil perceber que a desunião entre as Igrejas cristãs é um
escândalo que prejudica o próprio anúncio do Evangelho. Quem vê, de fora, Igrejas
em oposição, fica com a triste impressão de que estamos disputando espaço em vez de
promover o projeto de Jesus. A união faz a força – diz um provérbio muito conhecido.
Na mesma proporção a desunião produz fraqueza. Igrejas unidas terão mais condição
de promover a paz e a justiça. Jesus pediu que os seus seguidores fossem um como ele
e o Pai são um. Como ignorar tal desejo? A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos
é um momento especial para colocarmos nas mãos de Deus nossos esforços e dificuldades
no caminho da busca do relacionamento fraterno de Igrejas, superando séculos de uma
história de incompreensões e enfrentamentos mútuos. (SP)