2011-01-19 12:20:38

SOLIDARIEDADE E PAZ


Rio de Janeiro 19 jan (RV) - O mês de janeiro, não por acaso, está no nome da nossa Cidade e do nosso Estado, mês em que celebramos o nosso padroeiro, São Sebastião, soldado de Cristo.
Esse mês é precedido e nele se encerra a celebração do mistério da Encarnação: do Deus, que se fez um de nós, Jesus Cristo, fazendo sua morada, armando sua tenda no meio dos homens (Natal/Epifania/Batismo do Senhor).

Para celebrar esse acontecimento, iniciamos a trezena de São Sebastião propondo às nossas comunidades o desafio de serem como o nosso padroeiro, mensageiros da paz, que sabemos, é o próprio Cristo Jesus. A replica da imagem histórica trazida por Estácio de Sá passou por todos os cantos de nossa Arquidiocese fazendo uma grande “missão popular”.

No entanto, logo no início já fomos chamados a acrescentar um aspecto a mais: o mensageiro da paz nos convoca à solidariedade. Assim fizemos a caminhada ou carreata da fraternidade. A resposta do nosso povo foi generosa e disponível!

O mês de janeiro infelizmente tem sido marcado ultimamente por situações que parecem se repetir, sem que efetivamente se chegue a uma solução para estes graves problemas que atingem numerosos cidadãos, ceifando-lhe até mesmo a vida, quando não os seus bens, conseguidos com o esforço do trabalho árduo.

A vida é um dom de Deus; sua preservação, desde o seu início até o seu fim, deve ser uma preocupação, um compromisso de cada um de nós. Essa preocupação pelo dom da vida deve perpassar todos os âmbitos da sociedade, cumprindo a cada parcela o que lhe cabe. Desse modo, com a participação de todos se alcança o bem comum.

Mais uma vez uma verdadeira tragédia se abate sobre nós, mais uma vez todos nós arregaçamos as mangas e somos solidários com aqueles que sofrem perdas materiais, mas, sobretudo, a perda dos entes queridos: parentes, amigos e vizinhos. Com todos somos solidários e queremos encontrar caminhos para o futuro.

É janeiro no Rio de Janeiro: é verão! Chuvas ocorrem em maior ou menor quantidade causando danos em maior ou menor tamanho. Este ano a Igreja no Brasil irá propor na Campanha da Fraternidade um tema importantíssimo para essa realidade atual: Fraternidade e a Vida do Planeta, que em seu texto base nos recorda: “O clima do planeta é resultante da interação de muitos fatores, inclusive dos seres que integram a biodiversidade que ele hospeda. De algum modo, cada ser que habita a Terra contribui na formação e transformação do clima. Integrante dessa biodiversidade, o ser humano é também um agente que colabora, com considerável parcela, na composição do clima.

É cada vez mais perceptível que o planeta passa por um aquecimento, o que tem provocado uma série de mudanças climáticas. Essa ocorrência, segundo os estudiosos do tema, se deve a um fenômeno denominado “efeito estufa”, que, se não for devidamente entendido, pode vir a ser taxado facilmente de “grande vilão” das mudanças climáticas.

O efeito estufa é um processo natural, sem o qual a temperatura na superfície terrestre seria, durante o dia muito quente, e à noite muito frio. Assim sendo, pode-se dizer que o efeito estufa é uma espécie de “instrumento”, mediante o qual a Terra oferece uma temperatura média constante, necessária para a vida. Além disso, a temperatura do planeta ofereceu as condições para o desenvolvimento da atual biodiversidade que ele hospeda, configurada ao longo de mais de três bilhões de anos. Portanto, o efeito estufa é importante para que o clima de nosso planeta proporcione vida”.

Agora é o momento de dar consolo, de abrir caminhos para a esperança de um futuro que, preocupando-se pelo dom da vida, encontre morada digna e tudo mais que dá ao homem a certeza de ter sido criado à imagem e semelhança de Deus, de ser, em Cristo, filho de Deus.
As ajudas oficiais prometidas nos momentos mais críticos dificilmente se concretizam plenamente. Basta ver as estatísticas do passado. Neste ano, com o tema da Campanha da Fraternidade seria um bom momento de encontrar caminhos concretos para um futuro melhor nessa questão. Nestes dias de sofrimento e de dor, a esperança se redobra à luz da Fé em Cristo Ressuscitado, que sempre está no meio de nós.

Que possamos, na lembrança de nosso padroeiro e protetor, pedir que soluções sejam encontradas no sofrimento, na perda e na dor, e que nossas lágrimas se transformem em terreno fértil para, na solidariedade e na ajuda recíproca, reconstruirmos as nossas cidades afetadas e as vidas de pessoas paralisadas diante do desastre natural. Que São Sebastião nos inspire e nos ilumine por dias melhores!

Quero ser solidário com todos os que perderam os seus entes queridos, que agora entram na vida divina, rezando por nós que ainda peregrinamos neste vale de lágrimas. Quero abraçar todos os que estão desabrigados e levar a minha palavra de esperança e de consolo: Cristo não os abandona neste momento de provação natural! Quero, por fim, agradecer de coração a todas as paróquias e capelas que compartilham do que têm, e peço para que continuemos a partilhar gêneros alimentícios, de higiene etc., e dinheiro para socorrer nossos irmãos que estão vivendo a desolação. Muitos se ofereceram como voluntários e se encaminharam para essa região. Muitos estão empenhados. É um belo sinal de fraternidade que recebemos de nossa formação católica nestas terras de Santa Cruz.

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ







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