San Salvador, 18 (RV) - "Os acordos de paz em nosso país foram um exemplo para
o mundo e uma bênção para nós, mas, infelizmente, não fomos capazes de concretizar
uma convivência realmente pacífica e criar os fundamentos da paz, como nos pediu a
Comissão da Verdade, organismo que investigou sobre as violações dos direitos humanos
durante o conflito."
Estas são as palavras do Arcebispo de San Salvador, em
El Salvador, Dom José Luis Escobar Alas, sobre a situação em seu país após 19 anos
da assinatura dos Acordos de Chapultepec, no México, que colocaram fim à guerra civil
que durou de 1980 a 1992.
O prelado frisou que os jovens de hoje não conheceram
a guerra e têm o direito de viver em paz. "Os jovens nasceram noutro contexto, mas,
infelizmente, não temos ainda uma paz estável, sólida, duradoura e bem arraigada,
mesmo se estamos num bom momento para obtê-la" – ressaltou o arcebispo.
Segundo
Dom Escobar, El Salvador, carrega consigo o peso de 40 anos de guerra fratricida,
subdivididos em pré-conflito, de 1970 a 1980, ano em que foi assassinado Dom Oscar
Arnulfo Romero, conflito real e etapa atual.
"Chegou o momento de encontrar
soluções eficazes aos problemas que ainda não foram resolvidos, como o alto índice
de violência e a pobreza que afetam 40% da população" – sublinhou o prelado, ressaltando
que "não pode existir vida pacífica num ambiente onde são perpetrados, todos os dias,
vários homicídios".
Numa cerimônia oficial, o vice-presidente salvadorenho,
Salvador Sánchez Cerén, definiu os Acordos de Chapultepec, assinados em janeiro de
1992, como "o acontecimento mais importante da história moderna de El Salvador". "Com
esse acordo, as armas foram depostas, o Exército retomou sua verdadeira função no
respeito pela Constituição, a estrutura militar da Frente Farabundo Martí de Libertação
Nacional (FMLN) ficou fragmentada e foi criado um sistema eleitoral confiável e transparente"
- disse ele.
Aos jovens, Sánchez pediu para transformarem em realidade a esperança
de uma vida melhor para a nação salvadorenha. (MJ)