Cidade do Vaticano, 16 jan (RV) - Neste domingo a liturgia nos convida a refletirmos
sobre nossa vocação.
A leitura do Profeta Isaías fala da vocação do Servo do
Senhor, escolhido por Deus desde o seio materno para cumprir uma missão muito importante.
Acontece
que, logo no início, vemos que esse servo não é uma pessoa em especial, mas um povo,
o Povo de Israel. “Tu és o meu Servo, Israel, em quem serei glorificado.” Contudo,
Israel está em uma situação nada feliz. É um povo exilado, prisioneiro e escravo na
Babilônia. Mas é assim que Deus lhe dá uma grande missão, levar a salvação a todos
os povos. O Senhor quer servir-se de um povo escravo para protagonizar uma grande
missão e manifestar a todos os povos sua glória, isto é, a libertação das pessoas
de todo e qualquer tipo de opressão.
Foi Maria, a humilde serva do Senhor,
a escolhida para ser a Mãe de Deus. Jesus vem a nós na fragilidade de um recém-nascido
e nos comprova, através de sua vida, que a encarnação foi para valer, ele é um humano,
sua humanidade não é aparente. Ao fazer-se homem, ele também se fez pobre, assumindo
a condição social humana de quem nada tem. Deus quer salvar os homens, não de acordo
com os nossos valores, mas segundo o seu coração, tornanando-os mais filhos e irmãos,
à sua própria imagem e à do seu filho, divinizando-os.
A festa do Natal celebrou
essa ação de Deus e Jesus é apresentado como o verdadeiro Servo do Senhor. Sua paixão
e morte na cruz ratificarão esse desígnio de Deus, de nos salvar através da entrega
amorosa e radical de seu filho. Será através do aparente fracasso e da morte que o
Senhor se tornará vitorioso em sua missão.
João Batista percebe tão bem essa
missão de Jesus, que o apresenta como o Cordeiro que veio tirar o pecado do mundo.
Sabemos, pelo relato do Êxodo, que o cordeiro, para libertar o povo, deverá ser imolado;
assim é Jesus, o Cordeiro imolado de Deus. Do mesmo modo que o sangue do cordeiro
da páscoa libertava os judeus da escravidão egípcia, o sangue do Cordeiro Jesus nos
liberta, através do batismo, da escravidão da morte eterna.
Na segunda-leitura,
Paulo fala de sua vocação, do chamado pessoal feito a ele por Deus, para anunciá-lo
onde jamais foi conhecido.
Vimos na primeira leitura que a vocação é comunitária,
que o Servo representa um grupo. A aspersão do sangue de Jesus, a imersão batismal,
nos torna irmãos e filhos, nos faz Igreja, Povo de Deus. Eis nossa vocação. Nossa
missão é - em meio a tantos crimes, guerras, ódios, pecados - anunciar a bondade do
Senhor que ama, que perdoa, que quer nossa felicidade, custe o que custar, até a morte
de seu Filho na cruz, para nossa redenção. (CA)