ANGELUS: BENTO XVI RECORDA AS VÍTIMAS DE INUNDAÇÕES, OS MIGRANTES E JOÃO PAULO II
Cidade do Vaticano, 16 jan (RV) - O Papa Bento XVI pediu neste domingo, durante
a oração mariana do Angelus, força para todas aquelas pessoas que deixaram seus países
em busca de melhores condições de vida, recordou o recente anúncio da beatificação
do Papa João Paulo II, que terá lugar no dia 1º de maio próximo, e lembrou as pessoas
atingidas por graves inundações em várias partes do mundo, assegurando as suas orações.
“Quero
assegurar minha especial recordação na oração pelas populações da Austrália, Brasil,
Filipinas e Sri Lanka, recentemente atingidas por enchentes devastadoras. Que o Senhor
acolha as almas dos defuntos, dê força aos desabrigados e apóie o trabalho daqueles
que estão ajudando a aliviar o sofrimento e o desconforto”.
Diante de milhares
de peregrinos e fiéis reunidos na Praça São Pedro, o Papa também se referiu à beatificação
de seu predecessor, João Paulo II, anúncio que foi feito sexta-feira passada depois
de ter promulgado o decreto reconhecendo um milagre atribuído à intercessão do Papa
polonês, da cura inexplicável de uma religiosa francesa, Marie Simon Pierre, que sofria
de Mal de Parkinson desde 2001.
“Queridos irmãos e irmãs, como todos sabem,
no dia 1º de maio terei a alegria de proclamar Bem-aventurado o Venerável João Paulo
II, meu amado predecessor. A data escolhida é significativa: será, de fato, o II Domingo
de Páscoa, que ele mesmo dedicou à Divina Misericórdia, e na véspera do qual encerrou
a sua vida terrena. Aqueles que o conheceram, aqueles que o estimaram e amaram, não
podem deixar de se alegrar com a Igreja por este evento”.
Momentos antes
o Santo Padre recordou que neste domingo celebramos o Dia Mundial do Migrante e do
Refugiado, “que a cada ano nos convida a refletir sobre a experiência de tantos homens
e mulheres, e de tantas famílias que deixam seus países em busca de melhores condições
de vida”. Esta migração é, por vezes voluntária, - destacou Bento XVI - mas às vezes,
infelizmente, é forçada pela guerra ou perseguições, e ocorre frequentemente - como
sabemos - em condições dramáticas. Por isso foi criado há 60 anos, o Alto Comissariado
das Nações Unidas para os Refugiados.
Em seguida o Pontífice sublinhou que
na festa da Sagrada Família, logo após o Natal, recordamos que também os pais de Jesus
tiveram que fugir da sua terra natal e refugiar-se no Egito, para salvar a vida de
seu menino, o Messias, o Filho de Deus foi um refugiado.
“A Igreja desde
sempre vive dentro de si a experiência da migração. Às vezes, infelizmente, os cristãos
se sentem obrigados a deixar, com sofrimento, as suas terras, empobrecendo assim os
países onde seus antepassados viveram. Por outro lado, os movimentos voluntários dos
cristãos, por diversos motivos, de uma cidade para outra, de um país para outro, de
um continente para outro, são uma oportunidade para aumentar o dinamismo missionário
da Palavra de Deus e faz com que o testemunho da fé circule ainda mais no Corpo Místico
de Cristo, atravessando os povos e as culturas, e alcançando novas fronteiras, novos
ambientes”.
Bento XVI depois dirigiu o seu pensamento para o tema da mensagem
que escreveu para o dia de hoje: “Uma só família humana".
“Um tema que indica
a finalidade, o objetivo da grande viagem da humanidade através dos séculos: formar
uma única família, naturalmente com todas as diferenças que a enriquecem, mas sem
barreiras, reconhecendo-nos todos irmãos. Assim diz o Concílio Vaticano II: ‘Todos
os povos constituem uma só comunidade. Eles têm a mesma origem, pois Deus fez habitar
todo o gênero humano sobre toda a face da terra’ (Dich. Nostra aetate, 1)”.
A
Igreja - diz ainda o Concílio, continuou o Papa - , “é em Cristo como sacramento,
isto é, sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero
humano” (Lumen gentium, 1). Por isso, é essencial que os cristãos, mesmo espalhados
por todo o mundo e, portanto, diversos nas suas culturas e tradições, sejam uma só
coisa, como deseja o Senhor.
É esta a finalidade da Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos, que se realizará entre os dias 18 e 25 de janeiro. Este ano
a Semana se inspira numa passagem dos Atos dos Apóstolos: “Unidos no ensinamento dos
Apóstolos, na comunhão, no partir o pão e na oração”(Atos 2:42). Recordamos que no
Brasil a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos se realiza entre a Ascensão e
Pentecostes.
Bento XVI lembrou em seguida que o oitavário pela Unidade dos
Cristãos será precedido, nesta segunda-feira, pelo dia do diálogo judaico-cristão:
uma abordagem muito significativa, que lembra a importância das raízes comuns que
unem judeus e cristãos.
Na conclusão de suas palavras o Papa confiou a Nossa
Senhora todos os migrantes e aqueles que se dedicam ao trabalho pastoral entre eles.
Maria, Mãe da Igreja, também nos ajude a realizar progressos no caminho rumo à plena
comunhão de todos os discípulos de Cristo. Enfim o Santo Padre concedeu a todos a
sua Benção Apostólica.
Presente na Praça São Pedro o arcebispo Dom Juliusz
Janusz que foi durante 3 anos Secretário da Nunciatura Apostólica em Brasília. Ele
conversou com a Rádio Vaticano e fez uma pequena reflexão sobre o flagelo das inundações
em todo o mundo. (SP)