Destino universal dos bens impede nacionalismos doentios. D. Carlos Azevedo defende
uma «sadia contaminação» cultural e religiosa entre imigrantes e autóctones
(15/1/2011) O Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social defendeu a necessidade
de valorizar o princípio do destino universal dos bens, da Doutrina Social da Igreja
(DSI), diante do aparecimento de “nacionalismos doentios” em alguns países da Europa. Na
sessão de abertura do XI encontro de formação de agentes sócio-pastorais das migrações
, que decorre em Fátima de 14 a16 de Janeiro, D. Carlos Azevedo recordou que os bens
da terra “são para todos”, migrantes e populações autóctones. “Unidos pela mesma
origem e pelo mesmo fim último, os habitantes da terra, pelo simples facto de serem
humanos, percorrem o mesmo caminho, migrantes e populações locais que os recebem,
usufruindo dos bens da terra que têm destino universal”, afirmou D. Carlos Azevedo. Recordando
a doutrina da igreja sobre temas sociais referiu que “os bens da terra, têm um destino
universal” e que esse princípio da DSI impede que “uma consciência tão nacionalista
comece a aparecer nalguns países da Europa”. No encontro que reúne agentes sócio-pastorais
das migrações da Cáritas e dos secretariados da mobilidade humana (pessoas que trabalham
com imigrantes em todas as regiões do país), D. Carlos Azevedo desafiou os cristãos
à “hospitalidade” e à construção de “relações fraternas com estima recíproca por povos
e culturas”. Afirmando a necessidade de uma “uma sadia contaminação entre os autóctones
e os imigrantes”, que inclui a dimensão religiosa, o Presidente da Comissão Episcopal
da Pastoral Social referiu que muitos imigrantes afirmam a pouca religiosidade “dos
que cá vivem”. “O que interessa valorizar: a pouca religiosidade dos que cá estão
a levar à secularização dos que chegam? Será esse o caminho inevitável?”, questionou
D. Carlos Azevedo adiantando como resposta o desafio de “aprender de alguma religiosidade
e de outras culturas e arrepiar caminho descobrindo o sentido da vida baseado no transcendente”. Entre
a população migrante, D. Carlos Azevedo recordou os estudantes estrangeiros. “Importa
apoiar estes estudantes como um investimento para uma humanidade nova. Certamente
que o dinheiro aplicado na formação de pessoas é muito mais fecundo do que aquele
que é aplicado em mísseis ”, afirmou. O XI encontro de formação de agentes sócio-pastorais
das migrações faz uma análise à primeira década do terceiro milénio nas migrações
em Portugal. Promovido pela Agência Ecclesia, a Cáritas e a Obra Católica Portuguesa
das Migrações, assinala também o Dia Mundial do Migrante e Refugiado, celebrado na
Igreja Católica neste Domingo, dia 16.